Com streamings retirando títulos de seu catálogo sem terem para onde ir, CDs, DVDs e outras mídias físicas voltam a ser valorizadas

Os streamings mudaram a forma como se consome conteúdo: basta abrir um catálogo online e ter acesso a inúmeros filmes e séries. O mesmo vale para plataformas de música. Mas o que acontece se, de um dia para a noite, uma produção não estiver mais em nenhum streaming?

Com a popularização das plataformas sob demanda, os CDs e DVDs como um todo foram na contramão e se desvalorizaram. No entanto, com streamings recentemente tirando títulos do catálogo para economizar dinheiro, o retorno da mídia física pode ser questão de tempo.

Fim dos CDs e DVDs?

  • Os amantes da mídia física levaram um baque no último ano. Em setembro, a Netflix, que já havia anunciado o fim de seu serviço de locação de DVDs, enviou seu último exemplar, uma cópia de “Bravura Indômita”. No dia 1° de novembro, o site de aluguel da vermelhinha já tinha virado uma página interativa in memoriam.
  • A decisão veio depois de uma série de quedas na receita dessa divisão da Netflix, que declinou de US$ 1 bilhão em 2012 para US$ 146 milhões em 2022, segundo o The Hollywood Reporter.
  • Em setembro, a Ingram Entertainment, que já foi a maior distribuidora de DVDs dos Estados Unidos, também anunciou a retirada do mercado.
  • Pouco depois, em outubro, a Best Buy, a maior loja varejista de eletrônicos dos EUA, anunciou que pararia de vender DVDs e Blu-rays ao final de 2023.
  • A empresa alegou que a decisão dá mais espaço para novas tecnologias inovadoras.
DVD encerrou seu serviço de assinatura de décadas (Imagem: yuriyt / Shutterstock)

A questão dos streamings

A mídia física, que já virou impopular nos últimos anos, ainda pode fazer seu grande retorno.

Recentemente, a HBO Max (apenas Max nos EUA) optou por tirar títulos do catálogo para economizar dinheiro. A Disney+ e a Paramount+ também cancelaram produções e as excluíram do catálogo, deixando-as sem onde ser assistidas.

Nessa leva, CDs e DVDs voltam a ser valorizados: um filme pode sair do catálogo da Netflix e uma música pode ser excluída do Spotify, mas ninguém poderá tirar o DVD da sua estante. Christopher Nolan, diretor de “Oppenheimer”, inclusive, é um defensor da mídia física e recentemente falou que está planejando criar uma versão física do filme, para que “nenhum serviço de streaming malvado possa tirá-lo de você”.

Retorno da mídia física

De acordo com um relatório do meio do ano da associação musical Recording Industry Association of America, o streaming ainda representa 84% da receita do setor musical, mas a venda de CDs também aumentou.

Os novos dados também mostram o poder duradouro dos formatos físicos. As receitas físicas atingiram o seu nível mais alto desde há uma década, ultrapassando os 880 milhões de dólares até agora este ano.

Mitch Glazier, CEO da Recording Industry Association of America

Texto: Vitoria Lopes Gomez