A inovação já não cabe mais dentro dos muros das empresas. O conceito de inovação aberta ganha força e se consolida como estratégia essencial para conectar startups, governo, academia e setor produtivo na busca por soluções colaborativas. Em Mato Grosso, diversas ações já traduzem esse movimento em prática, indo do campo à cidade, da agroindústria à administração pública.
Diferente do modelo tradicional, em que empresas desenvolvem inovações apenas com recursos e conhecimento internos, a inovação aberta propõe exatamente o contrário: trocar, compartilhar e cocriar soluções com parceiros externos. E é esse modelo que tem redefinido o cenário empreendedor de Mato Grosso.
Cristiane Furlanetti, cofundadora e sócia-diretora do Impact Hub em Cuiabá explica que a inovação aberta é mais estratégica do que a inovação fechada nos dias de hoje. “Vivemos em um mundo altamente conectado, colaborativo e acelerado — e nenhuma organização gera impacto real sozinha. Para inovar de verdade, é preciso construir com outros. Enquanto a inovação fechada se limita ao que está dentro de casa, a inovação aberta expande horizontes, acelera aprendizados e amplia o potencial de transformação”.
Na agroindústria, o programa Agro.ind, liderado pelo Instituto Senai de Tecnologia de Mato Grosso, exemplifica bem essa lógica. Startups são selecionadas e recebem apoio financeiro para resolver desafios reais de empresas do setor agroindustrial. O programa faz parte da estratégia de reposicionamento agroindustrial do Senai. Para que Mato Grosso se destaque no cenário atual, é essencial avançar na agregação de valor à matéria-prima agropecuária, por meio do fortalecimento das agroindústrias.
“Nossa atuação segue uma lógica de plataforma. Algumas demandas das agroindústrias conseguimos atender com a capacidade do Senai. Outras, acionamos parceiros dentro da própria rede Senai, que conta com mais de 80 institutos de tecnologia e inovação no Brasil. Além disso, conectamos esses desafios a soluções já existentes ou em desenvolvimento. É nesse contexto que entra o programa Agro.ind, criado para aproximar agroindústrias do estado de soluções maduras desenvolvidas por startups de todo o país”, explica Naiara Galliani, Gerente Executiva de Tecnologia e Inovação no Senai Mato Grosso.
A primeira edição do Agro.ind aconteceu em 2023, com todos os projetos já concluídos. A segunda edição do programa já está em andamento, com 10 projetos ativos e a participação de novas empresas.
O Grupo Barralcool, usina sucroenergética que produz principalmente etanol, açúcar e energia elétrica, participou da edição 2023. Através da parceria com a SenseUp e o Instituto Senai, a usina digitalizou o controle de fermentação ao substituir formulários manuais por um portal e aplicativo em tablet. O processo, que antes levava 11 horas para compilar dados, agora ocorre em tempo real, reduzindo erros e aumentando a eficiência na área de qualidade da indústria. A principal tecnologia utilizada foi a integração de dados.
O avanço da inovação aberta em Mato Grosso mostra que as soluções mais eficazes são aquelas construídas coletivamente. O modelo deixa de lado a competição isolada e aposta em colaboração estratégica para impulsionar o desenvolvimento do estado.
