Construir linhas de transmissão que operem apenas 6 a 8 horas por dia? Quem vai querer fazer tal investimento? Energia intermitente não pode ser gerada a 3.500 km dos centros de carga. Simples assim, a conta não fecha! A solução será sempre aumentar o consumo local, transferir fabricas e data centers para o Nordeste. Como nos anos 70 e 80, o governo federal já fez!
Imagine, uma fábrica ao lado de cada usina eólica e solar, dentro da mesma área! Sem pagar nem o custo da transmissão nem o ICMS!
Ah…
O Brasil tem tudo para ser uma potência! Mas…
Diário do Nordeste
O risco de fechamento da fábrica da Aeris no Ceará é sintomático: revela a crise dos setores de energias limpas, que se iniciou em meados de 2022 e se tornou mais evidente agora, em 2025. O questionamento levantado é: como um segmento em franca expansão, após a celebração de diversos memorandos de entendimento, sofreu declínio?
Diversos fatores contribuíram para essa mudança de cenário. No contexto brasileiro, destacam-se três elementos principais: a dificuldade de absorção da energia gerada pelas empresas, a lentidão na construção de linhas de transmissão para o escoamento e as restrições ao fornecimento.
Conforme o professor do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Raphael Amaral, o maior gargalo é a transferência de energia produzida nos parques eólicos até os centros consumidores.
Por outro lado, aponta, a região Sudeste possui tal demanda energética, mas a ausência de novas linhas de transmissão impede a plena distribuição da energia concebida no Ceará e no Nordeste.
O professor acrescenta que a construção de um parque eólico ou solar demanda um período de três a quatro anos, enquanto a implementação de uma linha de transmissão pode estender-se por até oito anos, representando o dobro do tempo.
Além da questão da infraestrutura, após o apagão nacional de 2023, o Operador Nacional do Sistema (ONS) passou a limitar a geração das usinas. O mecanismo é chamado de “curtailment” (em português, seria corte de geração).
Ou seja, mesmo em condições climáticas favoráveis à geração de energia, o órgão regulador impõe restrições à produção das empresas, provocando prejuízos ao setor. Somente no ano passado, estima-se uma perda de R$ 1,6 bilhão, segundo levantamento realizado pela empresa de consultoria Volt Robotics.
Conforme o estudo, os cortes de geração sobre 1.445 usinas eólicas e solares corresponderam a 400 mil horas, o que equivale a 50 anos de produção de eletricidade. Os estados mais prejudicados foram o Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.
Comentário de Ivo Pugnaloni
LEIA MAIS EM: Diário do Nordeste