No Brasil, a instalação da primeira turbina eólica aconteceu em 1992, em Fernando de Noronha
Com a busca por alternativas para diminuir a dependência de combustíveis fósseis e reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a energia eólica se transformou em um dos pilares da transição energética global.
Mas o caminho foi longo para que a energia gerada pela força dos ventos, que é limpa e renovável, pudesse ser utilizada hoje para abastecer cidades ao redor do mundo.
Apesar de civilizações antigas terem desenvolvido os primeiros moinhos de vento para moer grãos e bombear água, o norte-americano Charles Francis Brush é considerado um dos pioneiros na geração de energia eólica.
Em 1888, ele construiu uma das primeiras turbinas eólicas para geração de eletricidade em Cleveland, em Ohio (EUA), ainda bem diferente do que vemos hoje em parque eólicos. A turbina tinha 144 lâminas de madeira e um diâmetro de 17 metros, e era capaz de gerar cerca de 12 kW de potência. A energia da turbina era usada para abastecer sua própria casa, e ela funcionou por 20 anos.

Apesar de a turbina de Brush ter sido um marco, sua eficiência energética era relativamente baixa, e só no final do século 19, começo do século 20, que outros especialistas começaram a desenvolver turbinas mais próximas dos modelos atuais e em larga escala.
O engenheiro dinamarquês Poul la Cour, por exemplo, construiu um aparato –que parecida mais com um moinho do que com uma turbina– em 1891, e que mais tarde foi capaz de gerar eletricidade em larga escala e ser usado na iluminação pública de sua cidade, Askov.
Ele também foi um marco na história da energia eólica por conseguir desenvolver lâminas capazes de maximizar a eficiência da captura do vento, o que serviu de base para o design das turbinas eólicas que seriam usadas depois. Além disso, projetou métodos para armazenar energia na forma de hidrogênio e oxigênio, para quando não houvesse vento.
La Cour chegou a escrever um livro sobre eletricidade e fundou a Sociedade Dinamarquesa de Eletricistas em 1903, para promover o desenvolvimento da eletricidade e energia renovável em seu país.
Quase 40 anos depois, entra em cena outro pioneiro: Palmer Cosslett Putnam. Ele foi responsável pela primeira turbina eólica com capacidade em escala de megawatt. Ele projetou uma turbina, bem parecida com as atuais, com duas lâminas. A instalação do aparato foi feita na cidade de Vermont, nos Estados Unidos, em 1941, e chegou a ser conectado ao sistema de distribuição elétrico local, mas só funcionou por 1.100 horas.

Por ser um experimento caro e por estar no meio da Segunda Guerra Mundial, o projeto foi abandonado. Mas a turbina em grande escala serviu para mostrar que a energia do vento poderia ser utilizada de forma comercial, e abriu caminho para o desenvolvimento da indústria de energia eólica.
Foi lá pelos anos de 1970 e 1980 que a busca por alternativas para reduzir a dependência de fontes fósseis se intensificaram, e as turbinas modernas, com longas lâminas, se consolidaram.
De lá para cá, com avanços tecnológicos, as turbinas gigantes estão mais eficientes, podendo ser instaladas em terra (onshore) ou em mar (offshore).

Energia eólica no Brasil
No Brasil, a primeira turbina ou aerogerador, como também é chamada, foi instalada no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, em 1992. Foi também a primeira turbina a entrar em operação comercial na América do Sul.
Com ventos fortes e constantes, a região Nordeste logo se tornou protagonista na energia eólica e é hoje a principal produtora do país, com a captação da energia do vento presente em Estados como Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí e Ceará, por exemplo.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a energia eólica é a segunda fonte de energia elétrica mais usada no Brasil, perdendo apenas para a hidráulica. Em 2023, por exemplo, a energia eólica representou 13,2% da oferta total de energia no país, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN), produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Por Thâmara Kaoru