Jargões arrojados, show pirotécnico e malabarismo verbal. Será esse o novo modus operandi do marketing digital?

Antes que me acusem de pessimismo, quero dizer que esse texto não é um choro, mas a descrição de uma doença. Sem o tecniquês do médico que acusa um novo hematoma, mas a simplicidade de quem já passou por isso ou viu relatos de outras pessoas que sofreram o mesmo mal.

Alguns dias atrás eu estava utilizando o instagram como de costume, quando de repente vi um conhecido postando algo do tipo “conheci o marketing e tudo mudou” — como se o marketing realmente fosse uma presença divina ou um ‘brother’ –, então fiquei curioso. O tal marketing que ele conheceu era bem simples: você compra o curso de marketing e convida outras pessoas para comprar. Essas pessoas convidam outras pessoas, que convidam outras pessoas, que convidam outras. Quem compra primeiro e faz sua rede de compradores têm mais dinheiro que outras pessoas que chegaram depois.

Essa prática não é incomum, mas também não é a única.

Oferta agressiva estraga produto bom

A verdade é que as pessoas andam cada vez menos interessadas em várias coisas. O fenômeno da atenção tem sido cada vez mais raro nas relações, e a internet herdou um pouco disso. O comunicador moderno precisa articular seus esforços para transformar segundos de atenção (ou milésimos), para conseguir outros minutos de ‘push’ e, finalmente, concluir uma venda.

Alguns estudos recentes mostram que hoje um usuário comum, que utiliza redes sociais para se relacionar com outras pessoas ou plataformas para se informar, recebe em média 5 mil estímulos de compra online.

São 5 mil marcas querendo um pouco de atenção; cinco mil ofertas; cinco mil produtos; cinco mil discursos.

É claro que isso pode variar por usuário, mas os números ficam cada vez mais assustadores para as marcas de anunciantes:

Somente 14% dos usuários lembram dos anúncios que viram.
Apenas 8% lembram do produto que estava sendo anunciado.
Somente 2,8% acharam o anúncio de fato relevante.

Na prática isso quer dizer que não basta somente a interrupção contínua, é necessário transformar a atenção em um ativo.

Qual é o problema disso tudo?

O marketing como outrora conhecemos com grandes nomes e campanhas invejáveis (e lucrativas), já não é o mesmo. Acontece que as técnicas de persuasão e estilos de venda, foram trocadas por uma palavra. Fora do seu significado,o termo se tornou um fetiche verbal para novos estilos de ganhar dinheiro — o brasileiro sempre dá um jeitinho.

Se você chegou até aqui deve estar se perguntando qual é o real problema disso. Na verdade nenhum, e vou explicar o motivo.

A internet abriu portas para pessoas mostrarem suas habilidades e hobbies e serem remunerados por isso.

Agora mães de primeira viagem, que enfrentam problemas para amamentar a criança, conseguem uma consultoria ou um acompanhamento de uma profissional especializada. Tudo ao alcance, com apenas uma pesquisa no google.

Até mesmo empreendedores que estão abrindo um negócio pequeno, conseguem achar um ecossistema ou grupos de pessoas que têm o mesmo sonho, compartilham da mesma experiência.

Uma geração inteira está descobrindo, pela primeira vez, que não é necessário engolir sapos e aguentar o chefe pelo resto da sua vida. Nos tornamos, finalmente, corajosos o bastante para criarmos os produtos e serviços que gostaríamos de ver no mercado.

Primeiro escritório do Jeff Bezos, hoje o homem mais rico do mundo.

Recuperando o tempo perdido

A resposta para isso tudo não é simples. Nunca foi. O marketing moderno é feito mais de relações do que de ofertas mais agressivas.

Lembra quando eu disse que o usuário moderno lembra cada vez menos dos estímulos de compra que recebe? Pois, a tendência do mercado é fazer um discurso de venda cada vez mais agressivo, cada vez mais frenético. E essa é a pior decisão que uma marca pode tomar.

É como tomar água do mar quando se está com sede, você vai se desidratando. O movimento deve ser contrário.

1# Aposte no relacionamento duradouro com os clientes.

2# Não tenha medo do Overdelivery. Entregue sempre mais que os clientes contrataram ou compraram.

3# Sempre melhore seu produto. Isso ajuda na percepção de valor da sua marca no mercado.

4# Esteja sempre disponível para resolver os problemas relacionados aos produtos ou serviços.

5# Esteja preparado para humanizar sua comunicação e se conectar com seu cliente

A internet transformou a relação das marcas com as pessoas, mas também tem facilitado o relacionamento com seu cliente. O que dita o ritmo do seu produto com o cliente não é uma oferta cada vez mais agressiva e um discurso cada vez mais escandaloso, é o relacionamento aberto e humano.

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