Implantação de Inteligência Artificial passa por desafios operacionais, culturais e éticos, exigindo estratégias alinhadas ao negócio.
Recentemente, a IBM realizou um evento sobre Inteligência Artificial generativa, que reuniu executivos de alto nível (C-Level) de toda a América Latina. Uma experiência enriquecedora, onde foi debatido o futuro da IA no ambiente corporativo, além de compartilhar percepções valiosas.
Durante o evento, foi observado que, apesar do entusiasmo em torno da IA, muitos líderes empresariais ainda enfrentam dificuldades em definir com clareza o que esperam dessa tecnologia. A pressão por implantar soluções de IA é crescente, mas muitas vezes sem uma direção clara. Em diversas conversas, ficou evidente que muitas empresas sabem que precisam adotar IA, mas carecem de uma visão sólida de como integrá-la de forma estratégica e eficiente. Isso levou à reflexão sobre um ponto crucial: para que a IA realmente traga resultados, é essencial que as organizações tenham uma compreensão precisa de seus objetivos com a tecnologia.
“A participação no evento além de me tranquilizar de que muita gente possui as mesmas dores minhas, me deixou com a cabeça fervilhando de novas ideias e perspectivas”, conta Daniel Martinez, CTO da WTF, braço de tecnologia da Tel. “Dentre todas, a que eu mais destaco e que já estou implantando na WTF é a utilização da IA nos processos internos de criação e qualidade ao invés de apenas querer ofertar IA aos nossos clientes. Como exemplo estamos implantando ferramentas de IA para otimizar e apoiar na codificação de nossos analistas e na criação de material visual, tanto pensando em protótipos quanto em banco de imagens”.
Um dos temas centrais discutidos foi o conceito de IA generativa. Muito falada, mas ainda pouco compreendida e menos ainda internalizada nas organizações, essa tecnologia promete uma verdadeira revolução no modo como criamos e utilizamos Inteligência Artificial. Além de suas aplicações impressionantes, um dos maiores benefícios da IA generativa é a forma como ajuda a reduzir os custos de implantação de IA em larga escala. Tradicionalmente, o treinamento de modelos de IA envolvia um longo e caro processo de curadoria de dados, treinamento contínuo e manutenção.
Desafios de implantação
O grande desafio, além de tornar o treinamento da IA menos custoso lançando mão da IA generativa, é a limitação do contexto que a IA pode atuar. Pensando nisso, a WTF junto com a Tel anunciou uma parceria com a IBM, que já se encontra em fase de finalização de piloto para preparar a equipe para enfrentar esses desafios.
Uma vez que a IA generativa tem o poder de minimizar os elevados custos iniciais de treinamento e a manutenção contínua dos modelos, sua implantação se torna muito mais viável para empresas de diferentes portes. Ao permitir que sistemas sejam criados com menor dependência de grandes quantidades de dados específicos e rigorosos processos de curadoria, essa tecnologia simplifica os estágios iniciais e acelera a adoção da IA. Esse ponto foi consenso entre os participantes: a inovação tem o potencial de democratizar o acesso à IA, permitindo que empresas que antes não tinham recursos para grandes investimentos possam agora aproveitar seus benefícios.
Mesmo assim, a transição para um modelo mais acessível de IA não está isenta de desafios. A adoção da IA generativa exige que as empresas estejam preparadas não apenas do ponto de vista técnico, mas também culturalmente. A organização precisa ter uma estratégia clara e um entendimento profundo do que espera alcançar com a IA. Sem isso, corre-se o risco de ver essa poderosa ferramenta ser subutilizada ou, pior, mal utilizada e, na maioria das vezes, abandonada.
IA como agente facilitador
Outro ponto de destaque no evento foi a reflexão sobre os desafios éticos e operacionais que acompanham a implantação da IA generativa. Enquanto essa tecnologia abre novas possibilidades, também levanta questões sobre transparência, controle e uso responsável. Assim, líderes de tecnologia têm a responsabilidade de garantir que a IA seja desenvolvida e utilizada de forma ética, especialmente quando falamos de sistemas que têm a capacidade de criar conteúdo de forma autônoma.
“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, e isso é especialmente verdadeiro no contexto da IA generativa. O impacto social, os possíveis vieses e a segurança das informações geradas por esses sistemas são preocupações que devem ser abordadas com seriedade e cautela.
A redução dos custos de implementação e manutenção abre portas para muitas empresas, mas é essencial que essas organizações saibam exatamente o que desejam alcançar com a IA. Para que possamos realmente aproveitar o potencial dessa tecnologia, precisamos de uma combinação de preparação, planejamento estratégico, cultura organizacional, e um olhar atento aos desafios éticos que ela traz.
“Como CTO da WTF, vejo um futuro promissor para a IA generativa, não apenas como uma tecnologia que revoluciona o setor, mas como um agente facilitador para a adoção mais ampla de soluções de IA”, afirma Daniel. “No entanto, devemos estar atentos para garantir que a IA seja utilizada de maneira a agregar valor real às empresas e à sociedade como um todo”.