Cemaden e Inpe realizam trabalho de monitoramento e alertas que são fundamentais para a preservação do bioma

Em 2024, a região do Pantanal enfrentou, novamente, um dos piores períodos de seca e queimadas de sua história. Com o impacto crescente das alterações climáticas, o desmatamento ilegal e também os incêndios criminosos que se alastram, o bioma do Pantanal enfrenta a maior ameaça da sua história.

Para protegê-lo, é fundamental o conhecimento aplicado da Ciência e Tecnologia. Este tema foi debatido durante a 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que terminou  neste domingo (10) em Brasília. Maior evento de divulgação científica do país, a Semana trouxe este ano uma reflexão sobre os biomas brasileiros, suas características, desafios e as contribuições das novas tecnologias para a sua preservação.

Dois órgãos fundamentais para o controle das queimadas no Pantanal, que têm desenvolvido os seus esforços nos últimos anos, são o  Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As duas instituições, vinculadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), apresentaram esse trabalho ao público em seus estandes durante a SNCT. O monitoramento por satélites é um dos mecanismos de combate aos focos de incêndio, assim como o desenvolvimento de tecnologias para o controle do fogo, em conjunto com as comunidades locais e os saberes populares. 

Segundo a professora Joana da Silva Nogueira, presidente Conselho Nacional Reserva da Biosfera do Pantanal, a destruição das queimadas é particularmente grave na região, uma vez que o Pantanal tem a maior área úmida do mundo.

“A dinâmica do Pantanal é muito específica, de seca e de cheia, e as inundações constroem aquele ecossistema. Já com as mudanças recentes das correntes marítimas no pacífico e também os efeitos dos outros desmatamentos no Brasil, como o da Amazônia, o clima ficou cada vez mais seco e propício às queimadas”, afirmou.

A professora apresentou o debate: Ciência e educação para o enfrentamento da seca e incêndios na Reserva da Biosfera do Pantanal, no sábado (9), dentro da Vila dos Saberes.

Além dos problemas relacionados ao clima e a ameaça à vida da biodiversidade local, a seca no Pantanal também ameaça a capacidade energética e econômica da região, que impacta a vida das comunidades que vivem nessas áreas: “Estamos enfrentando os desafios da redução do potencial hidrelétrico e do potencial de transporte por hidrovias”, explicou a professora Joana durante a sua apresentação.

Ela também mostrou o mapa das queimadas no Pantanal e como o avanço dos focos de incêndio está se aproximando de áreas críticas.

Um total de 2,31 milhões de hectares já foram queimados no bioma Pantanal. Desses, 40% ocorrem no estado de Mato Grosso e 60% em Mato Grosso do Sul. O fogo atinge principalmente áreas campestres e pastagens do Cerrado; além de áreas florestais e de sub-bosque. Com a parceria entre o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e todas as autoridades federais, estaduais e municipais, o Brasil possui o desafio histórico de reduzir esses indicadores e proteger um dos maiores patrimônios biológicos do Planeta Terra.