Executivos da ArcelorMittal, Natura, Rhodia, Aegea e Electrolux, entre outros, contam como a crise climática tem impactado seus processos e tomadas de decisão
Em 2024, a premiação do Época NEGÓCIOS 360º provou que sustentabilidade e inovação andam juntas. Entre os critérios usados para eleger as melhores empresas do Brasil, três tiveram alta na pontuação neste ano: Desempenho Financeiro, Inovação e Sustentabilidade.
A emergência climática, que ganhou urgência nos últimos dois anos, com temperaturas extremas em diferentes pontos do planeta, derretimentos de geleiras, enchentes nunca vistas, secas e incêndios por toda a parte, chegou também às discussões nos altos comandos das empresas, convencendo CEOs e executivos de que era hora de agir. Não faltaram entre os vencedores dos seis desafios e os campeões setoriais iniciativas para tentar mitigar os efeitos da crise climática.
“Na Aegea, como estamos tratando de saneamento, de dignidade, de prestação de serviço, há uma preocupação em cuidar da gestão do ciclo integral da água”, disse Radamés Casseb, CEO da empresa campeã no setor de Água e Saneamento, durante a festa de premiação do Época NEGÓCIOS 360º. “Com esse objetivo, olhamos para outras indústrias e trazemos componentes e processos que deram certo para as nossas operações. A ideia é que essas inovações ajudem a cuidar da natureza, gerar valor para os clientes e aumentar a satisfação dos usuários.”
Segundo Leandro Jasiocha, CEO para a América Latina da Electrolux, campeã do setor de Eletroeletrônica, a empresa não tem uma estratégia de sustentabilidade. “É muito mais do que isso. A sustentabilidade é o que mantém a empresa de pé. Nossos produtos, serviços e acessórios são fabricados com o objetivo de ajudar o consumidor a adotar hábitos mais sustentáveis. Internamente, nossas operações também seguem princípios de sustentabilidade, o que implica em manter uma relação muito próxima com a sociedade e com o planeta.”
Outra empresa em que a luta contra a crise climática e a criatividade estão fortemente alinhadas é a Natura, campeã do desafio ESG/Socioambiental do Época NEGÓCIOS 360º em 2024. “Nosso objetivo é transformar desafios socioambientais em oportunidades de negócio”, diz João Paulo Ferreira, CEO da Natura. Segundo o executivo, só há uma maneira de fazer isso: por meio da inovação. “São as novas tecnologias que vão permitir que os nossos produtos e serviços, ao mesmo tempo que encantem os nossos clientes, gerem impacto social e ambiental. E sem deixar de lado os resultados financeiros.”
De maneira indireta, a inovação também colabora com a preservação do planeta quando ajuda a empresa a consumir menos tempo, recursos e energia. É o caso do Grupo Tora, que usa a tecnologia para otimizar processos e aumentar a produtividade. “Esse incremento de eficiência evita retrabalhos e traz ganhos de tempo e energia para a empresa e para o planeta”, diz Janaina Araújo, diretora-presidente do Grupo Tora. Angela Assis, diretora-presidente da Brasilprev, faz um raciocínio semelhante. Para a executiva, usar tecnologia de ponta ajuda a empresa a antecipar problemas, reduzir as dificuldades e consumir menos tempo da equipe. “Dessa forma, podemos nos dedicar a causas sociais e de governança.”
Campeã no seu setor, a CPFL Energia teve suas operações diretamente afetadas pela crise climática. “O ambiente de operações hoje é muito diferente do que era há alguns anos, e isso é um desafio pra gente”, diz Gustavo Estrella, CEO da companhia. Para conseguir desenvolver e implementar soluções de energia limpa, a empresa tem contado com a inovação como sua mais forte aliada.
“Não existe nenhum desenvolvimento ou estratégia dentro da Rhodia hoje que não passe antes pelo comitê de sustentabilidade”, diz Daniela Manique, CEO do grupo belga Solvay-Rhodia para a América Latina. Segundo a executiva, hoje os projetos são precificados em toneladas de carbono: quanto menor o valor, maior a possibilidade de a proposta ser implementada. “Hoje, temos trabalhado principalmente com a química verde, criando solventes sustentáveis, soluções carbono neutro, produtos biodegradáveis, amigáveis aos oceanos. É a nossa linha de inovação nesse momento.”
Jefferson de Paula, CEO da ArcelorMittal, a Empresa do Ano do Época NEGÓCIOS 360º, diz que a procura por técnicas modernas de produção direciona as atividades da empresa. “Nós fomos a primeira companhia de aço do mundo a definir a meta de carbono zero para 2050. Fazemos investimentos fortes em ESG, para criar uma empresa sustentável. E já colocamos 600 milhões de euros em novas técnicas e processos para garantir um futuro sustentável.”
Por Marisa Adán Gil