Ferramenta que ajusta o fluxo de pedidos e a perda de alimentos frescos foi utilizada em 70% das decisões das lojas durante teste do grupo varejista
Reduzir o desperdício de alimentos é uma meta global. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de 14% dos alimentos são perdidos entre a colheita e a chegada às lojas. Outros 17% são jogados fora por varejistas e consumidores. Esse desperdício também contribui para a crise climática, representando até 10% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Nos supermercados, o setor de hortifrúti é o que mais gera perdas. Para fugir desse campo comum, a rede de supermercados St. Marche firmou parceria com a startup Aravita e desenvolveu uma ferramenta com inteligência artificial para ajustar o fluxo de pedidos para evitar o desperdício de alimentos frescos.
De acordo com Eliane Souza Nascimento, diretora da cadeia de mantimentos do St. Marche, o software funciona como um copiloto de loja. Na prática, a ferramenta faz sugestões estatísticas de compra de alimentos frescos para não faltarem itens na prateleira, tampouco serem descartados por excesso.
Com uma imagem da prateleira de maçãs, por exemplo, o sistema calcula automaticamente quantos itens estão disponíveis naquele local e avalia a necessidade de reposição – sem a necessidade de o colaborador contar fruta por fruta.
Em teste durante quatro semanas, a ferramenta ajudou a reduzir em 20% o desperdício de alimentos frescos em 13 unidades da rede St. Marche em São Paulo, em relação ao mesmo período do ano passado. O modelo de recomendação de compra foi utilizado em 70% das decisões das lojas.
Para fazer a recomendação, a inteligência artificial analisa a média de venda do produto nos últimos dois anos, a elasticidade dos preços, a temperatura do local e a inflação no período. Ainda assim, o colaborador do supermercado é fundamental para a compra ser mais assertiva, afirma a executiva.
“Por mais que a gente tenha modelos de recomendação, as chances de um pedido variar de um dia para o outro é muito grande até pela questão climática do país. Por isso, temos sempre um usuário final para tomar a decisão”, afirma Eliane.
Até o final do ano, Elaine espera que a tecnologia esteja rodando em todas as 33 lojas do grupo, incluindo o Santa Maria, empório que faz parte do Grupo Marche.
“A fase dois do projeto vai ser pegar o volume de dados para ajudar a melhorar a performance das lojas. Verificar o que vende e o que não vende, o que cada unidade está desperdiçando mais, e melhorar nossa linha de produtos. A ferramenta vai evoluir”, adianta a diretora.
Por Patrícia Basilio