A transformação digital é uma jornada de adaptação ao novo mundo moldado pela tecnologia. É um processo em que pessoas, instituições e sociedades se reinventam para lidar com as novas formas de se conectar, criar e viver. Mais do que implementar robôs e softwares, trata-se de uma mudança de mentalidade, na qual abraçamos a fluidez do mundo moderno e reimaginamos o que é possível, transformando desafios em oportunidades e rompendo com velhos padrões.

Tornar a administração pública mais digital e inteligente pode ter um grande impacto na vida do cidadão e, naturalmente, provoca uma mudança e a evolução das instituições, alterando padrões organizacionais, barreiras culturais e as normativas legais.Trata-se de um novo modelo mental, uma nova forma de abordar a entrega de serviços, que pode causar um impacto social em toda relação governo/cidadão.

Já passamos por mais da metade do prazo para cumprirmos as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são questões globais interconectadas que buscam equilibrar as necessidades ambientais, sociais e econômicas para um futuro sustentável, mas o mundo ainda não conseguiu atingir nem metade dos desafios lançados. A solução que alguns institutos, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), União Internacional de Telecomunicações (UIT), Deloitte, definiram é acelerar este processo por meio da transformação digital, onde estimam que cerca de 70% das metas seriam diferentemente beneficiadas.

Mas o cidadão pode pensar, como é que a transformação digital pode ajudar a resolver mazelas sociais como a pobreza, proteção do planeta, saúde, educação, e assegurar que as pessoas possam viver em paz e prosperidade?

É importante não entender o processo de transformação digital apenas como o uso de tecnologia. Essa é uma premissa básica para todos que precisam se envolver nesse assunto. O mais importante ressaltar é a palavra “transformação” que quase fica esquecida pelo sombreamento causado pela palavra “digital”. As perspectivas da transformação digital definem, além do quesito tecnológico, outros pilares importantes como estratégia, serviços públicos, regulamentos, dados, cultura e especialmente o usuário. Este último, inclusive, é o âmago de todo o processo e deve ser o ponto central de toda discussão.

Quando uma instituição consegue observar esses pilares importantes da transformação digital trabalhando em conjunto, formando uma estrutura sólida, e bombardeando com essa abordagem a sua rotina de trabalho, que é uma grande massa crítica, um núcleo pesado, há um grande choque nesse processo, provocando uma reação em cadeia pela energia e movimento causado por esse impacto, numa visão de fissão digital, assim como o processo da física de fissão nuclear.

O fato de proporcionar mais qualidade e facilidade da entrega de serviço, como menor tempo e custo, faz com que uma estratégia clara seja traçada, que por sua vez define política públicas mais modernas, que para isso existe um serviço público mais simples, que para isso requer legislações mais adequadas, e também explora tecnologia mais moderna, que para isso precisa buscar melhores soluções no mercado, mas para isso requer maior integração dos dados armazenados, e para isso maior preocupação com a segurança da informação, e também exige o fortalecimento da cultura digital por meio de arranjos institucionais movimentando o ecossistema de inovação, e que facilita oferecer serviços com maior acessibilidade ao usuário, que para melhor consumo desse serviços precisa estar alfabetizado digitalmente. 

É um exemplo simples de como um movimento para atender a nova dinâmica de consumo de serviços pela população e pode proporcionar nas instituições, públicas ou privadas, essa reação em cadeia. 

Neste sentido, as áreas dessas instituições precisam se adequar para melhor planejar, trabalhar de forma mais proativa, inovar e empreender em seu negócio, simplificar e transformar seus serviços, trazer agilidade para seu dia a dia. Com isso, discussões como sustentabilidade, economicidade, democratização, integração e satisfação são altamente beneficiadas nesse ciclo de modernização. Fazendo com que a transformação digital seja um elemento renovador na estratégia de desenvolvimento de qualquer nação.

Uma verdadeira revolução é possível neste processo, pois oportuniza aplicar esse conhecimento a novos problemas e se tornando importante vetor de inovações. Trata-se realmente da mais promissora oportunidade de darmos um salto na escalada de nossa evolução, conforme a própria lei de progresso a qual estamos a ela submetidos e não podemos impedir sua marcha, sob pena de não pegarmos carona na locomotiva da evolução às engrenagens que não podemos deter.

Sandro Brandão
Sandro Luís Brandão Campos, Mestre em Propriedade Intelectual e Bacharel em Ciências da Computação pela UFMT, atua como Secretário Adjunto de Planejamento e Governo Digital do Estado de MT. Ele possui várias pós-graduações em áreas como E-Business, Gestão Estratégica e Pública, além de certificações em Segurança da Informação e Gerenciamento de Serviços de TI. Com 22 anos de experiência no serviço público, é palestrante e professor, com foco em Transformação Digital e Inovação. Suas ações e pesquisas em Governo Digital renderam premiações nacionais e reconhecimentos internacionais, incluindo o Prêmio Excelência em Governo Digital da ABEP-TIC.