*Por Alline Antóquio, diretora executiva na Gentrop
Quem conhece o mercado não se surpreende com o fato de que muitos bancos e instituições financeiras ainda dependem de sistemas de TI antigos e complexos – os chamados sistemas legados -, que foram desenvolvidos décadas atrás e, muitas vezes, ainda utilizam tecnologias e linguagens de programação obsoletas. E, apesar de suas limitações, esses sistemas legados continuam sendo o core de muitas instituições, a base das operações financeiras cruciais dessas organizações em pleno 2024.
Algumas razões pelas quais essas empresas ainda dependem de sistemas legados são:
- Complexidade e custos de uma migração, uma vez que migrar completamente para novos sistemas é um processo longo, complexo e pode ter um custo alto;
- Confiabilidade, pois apesar de suas limitações, os sistemas legados costumam ser estáveis e confiáveis devido ao refinamento de uso feito ao longo de muitos anos;
- Integração com outros sistemas, já que muitos estão profundamente integrados com outros sistemas críticos da organização e substituí-los pode exigir a reescrita de múltiplas interfaces e processos interconectados;
- Regulamentação, essencial no setor financeiro, que é altamente regulamentado, e muitos sistemas legados foram projetados para atender a requisitos regulatórios de segurança específicos.
Apesar desses muitos desafios, diversas organizações do segmento estão gradualmente modernizando seus sistemas, adotando abordagens híbridas que combinam sistemas legados e inovação. Esse processo é longo e envolve criar integrações entre sistemas ou então reescrever gradualmente partes críticas do sistema legado. Uma transição complexa, mas essencial para que o setor financeiro possa se manter competitivo, ágil e capaz de atender às demandas e expectativas dos clientes no século XXI. É nesse contexto que novas tecnologias podem se provar inestimáveis ao implementar uma transformação digital e cultural necessária a essas instituições que já existem há décadas – e provavelmente utilizam seus sistemas legados desde então.
Ferramentas colaborativas para a transformação digital e cultural
Essa mudança de paradigma e de formas de trabalhar é auxiliada pelos ecossistemas de tecnologia colaborativa, que vêm ganhando cada vez mais espaço com os novos modelos de trabalho, que incluem sistemas remotos ou híbridos. Segundo uma pesquisa Tendências e Perspectivas do Trabalho, da WeWork, 95% dos colaboradores acreditam que a flexibilidade é um fator decisivo na hora de aceitar um emprego, e 64% dos entrevistados afirmam que o modelo híbrido é o seu preferido.
E quando falamos de modelos de trabalho não tradicionais, a distância entre a equipe acaba por se tornar um desafio para as empresas. É nesses casos que a cultura organizacional e a mudança cultural promovida por ferramentas de colaboração ganha especial atenção e mostra benefícios para a organização, como a capacidade de reter funcionários existentes e atrair novos talentos, além do impacto de uma liderança e gestão alinhadas com a nova cultura na produtividade e desempenho das equipes.
Com o intuito de uma transformação cultural bem-sucedida, é crucial que a organização tenha uma estratégia clara e bem definida, uma comunicação eficaz, engajamento dos funcionários e uma liderança consciente. Dessa forma é possível haver um acompanhamento contínuo e ajustes necessários na hora de lidar com os desafios, tornando tangível aproveitar os benefícios da transformação por meio da ferramentas tecnológicas e da inovação.
Tais ferramentas possibilitam não só a integração da comunicação entre equipes de várias localidades, seja do mesmo país ou de qualquer parte do mundo, elas também garantem a otimização de processos por meio do acesso remoto a serviços em nuvem. O Google Workspace, para citar um exemplo, é um dos ecossistemas que unificam diferentes tipos de serviços, possibilitando uma atuação ágil dentro de projetos, gestão de aprovações nas documentações, utilização de arquivos compartilhados e muito mais, com grande confiabilidade e segurança. Onde quer que o colaborador e a empresa estejam localizados, é possível reduzir processos, proporcionar mais agilidade na comunicação e otimizar a eficiência da equipe.
Uma cultura organizacional voltada para a melhoria contínua e evolução tecnológica é essencial nesse sentido, e leva à identificação e eliminação de ruídos, trazendo aquilo que todas as companhias, em qualquer setor, almejam: a otimização dos seus processos. Essa é uma necessidade latente também no setor financeiro, e isso passa tanto por modernizar os sistemas legados, como também pela transformação cultural e digital de bancos e instituições financeiras.
Oferecer sistemas que vão além da aparência de modernidade é um imperativo. A eficiência operacional tem potencial de se refletir na excelência do atendimento, na satisfação dos clientes e na qualidade dos produtos e serviços oferecidos, impactando diretamente a imagem e a reputação das empresas – uma prioridade em um mercado tão competitivo. Precisamos deixar os sistemas ultrapassados para trás e nos modernizar. O legado deve ficar no passado. Nosso alvo é o futuro!