Em um cenário global impactado pelas mudanças climáticas, Valeska Ciré, Country Manager da International Fresh Produce Association (IFPA) no Brasil, delineia o futuro do consumo de produtos frescos, que se baseará em quatro pilares essenciais: Tecnologia e Inovação, Sustentabilidade e Clima, Tendências de Consumo e Defesa da Indústria.

A Inteligência Artificial (IA) está se tornando uma ferramenta crucial em várias frentes. Aplicativos culinários que sugerem receitas com base no conteúdo da geladeira visam reduzir o desperdício e facilitar o planejamento das refeições. Supermercados também estão adotando IA para gerenciar as compras de alimentos frescos, ajustando-se a fatores como clima, sazonalidade e comportamento do consumidor, o que promete reduzir perdas e otimizar operações. Espera-se que até 2025 a IA gere US$ 113 bilhões em eficiência e novas receitas para o varejo, um crescimento impressionante de mais de 400% em menos de dois anos.

No campo, a automação já faz parte da realidade, com robôs polinizando plantas, detectando doenças e utilizando IA para contar frutas durante a colheita, o que ajuda a minimizar perdas. Globalmente, essas perdas representam 14% da produção de alimentos, e nos EUA, 38% dos alimentos são desperdiçados, equivalente a US$ 444 bilhões em refeições perdidas.

Um estudo global da IFPA revelou que a falta de ação frente às condições climáticas extremas é uma das maiores ameaças às sociedades e economias globais. O aumento das temperaturas pode levar a agricultura a um ponto insustentável, e a IFPA está atenta às respostas das nações a esses desafios.

No Brasil, os efeitos das mudanças climáticas já são perceptíveis no prato dos consumidores. Atualmente, 94% dos brasileiros consideram a sustentabilidade um fator crucial, e 68% associam a indústria de produtos frescos à sustentabilidade e preocupações ambientais, como poluição e desmatamento. Apesar dos desafios complexos na cadeia de abastecimento, os consumidores estão cada vez mais interessados na origem dos alimentos que consomem.

O comportamento do consumidor está mudando, com um crescimento notável na demanda por alimentos à base de plantas. Produtos frescos continuam sendo a base de uma dieta nutritiva e segura. Com 30 milhões de veganos no Brasil e 42% dos consumidores globais se identificando como flexitarianos, a Geração Z, em particular, está reduzindo o consumo de produtos de origem animal.

Apesar desses avanços, o baixo consumo de produtos frescos e flores ainda é um desafio significativo. A IFPA está mobilizando seus membros e aliados estratégicos para ampliar o impacto positivo da indústria. Pesquisas mostram que a indústria de produtos frescos é bem vista globalmente e é reconhecida como promotora da saúde pública, especialmente na América Latina.

O mercado de varejo de alimentos no Brasil cresceu 18,7% entre 2021 e 2022, impulsionado pela crescente preocupação com uma alimentação saudável e o preparo de refeições em casa.

A IFPA se compromete a defender os interesses de seus membros junto a líderes globais, como a ONU, a União Europeia e a OMS, e a influenciar políticas que garantam o acesso a alimentos frescos e saudáveis para todos.

Estamos em um momento crucial para transformar o setor, com frutas e legumes desempenhando um papel central nas discussões políticas, comerciais e de saúde. A hora de agir é agora.

Fonte: Portal do Agronegócio