Sem medo de errar, o apresentador criou um programa de inclusão digital e um provedor de internet nas décadas de 1990 e anos 2000 com as marcas de seu canal e programa de TV
O empresário Silvio Santos, que faleceu no último sábado (17), aos 93 anos, não foi só um dos maiores comunicadores do Brasil, mas também um grande inovador. Além de se tornar um dos apresentadores mais populares da história da TV brasileira, ele , transformou o Baú da Felicidade em um título de capitalização de sucesso e criou o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), uma das maiores emissoras de TV aberta do país.
Nas décadas de 1990 e 2000, Silvio aproveitou a estabilidade financeira do país para vender produtos e serviços licenciados com o nome de seu canal e de seus programas, como o nostálgico Show do Milhão, inspirado no norte-americano “Who Wants to Be a Millionaire?”. Visionário, construiu um império avaliado em R$ 1,6 bilhão.
Confira abaixo as principais inovações de Silvio.
Computador do Milhão
No auge do programa Show do Milhão, Silvio Santos firmou uma parceria de R$ 88 milhões com a Microsoft em 2001 para lançar um dos seus maiores projetos em tecnologia: o Computador do Milhão.
A campanha tinha como objetivo promover a inclusão digital das classes média e baixa do Brasil, por meio da venda de um computador 45% mais barato que os modelos da época e financiados pelo Banco PanAmericano, que também era de Silvio (foi vendido ao Grupo BTG em 2011).
Fabricado pelas empresas Metron, Procomp e Semp Toshiba, o computador custava à vista R$ 1.928, podendo ser financiado em até 36 parcelas fixas de R$ 88 (com cheques mensais) ou R$ 91 pelo Banco PanAmericano. Pelo baixo custo, o computador tinha configurações modestas: processador Intel Celeron de 700 MHz, disco rígido de 10 GB, placa de vídeo de 4 MB e monitor de 15 polegadas da LG.
Ainda assim, o projeto teve sucesso. Em um mês, foram vendidos 17,6 mil computadores populares e recebidas 800 mil ligações de pessoas interessadas, com picos de vendas quando Silvio Santos divulgava o produto no Show do Milhão. Em 45 dias, foram saldadas 16.700 máquinas.
Em sua segunda fase, o Computador do Milhão ganhou uma ficha técnica melhor e subiu de preço: R$ 2.199. O processador Intel Celeron foi para 1 GHz, a memória foi para 128 MB de memória RAM e o disco rígido para 20 GB.
Com a informatização do país e o declínio da Metron, que se envolveu em escândalo de contrabando, o Computador do Milhão deixou de ser comercializado.
Em 2005, Silvio Santos tentou uma nova empreitada chamada Computador Tota. A ideia era comercializar computadores financiados pelo PanAmericano, com benefícios como proteção financeira e internet gratuita por um ano. Mas a empreitada não teve o mesmo sucesso.
SBT On Line
Em 1997, o SBT lançou o SBT On Line, provedor de internet discada quen ficou popularmente conhecido como SOL. O diferencial do serviço era oferecer um mês de serviço gratuito e acesso ilimitado à internet por R$ 35 — em um período em que os usuários eram cobrados por hora de navegação.
Apesar de ter atingido cerca de 60 mil assinantes, o SOL começou a registrar reclamações de clientes após o SBT trocar a empresa de telecomunicações responsável pelo projeto. Em 2001, SOL foi encerrado com um prejuízo estimado de R$ 40 milhões.
Super Mega Drive 3 – Edição Especial Show do Milhão
O sucesso do programa Show do Milhão rendeu o lançamento de uma edição especial do Mega Drive em 2001, fruto de uma parceria do SBT com a TecToy no Brasil. O diferencial do videogame era que o jogo do programa vinha pré-instalado de fábrica. O comprados também ganhava um adesivo comemorativo e uma caixa personalizada.
Mini Game Show do Milhão
Também destinado a amantes do programa de perguntas e respostas do Silvio Santos, o mini game do Show do Milhão foi fabricado pela TecToy e rodava uma versão mais básica do jogo em uma tela pequena e monocromática. Ideal para as crianças levarem em passeios ou à escola, o jogo tinha formato ergonômico e era alimentado por pilhas.
Relógio que fala
Já imaginou ouvir o Silvio Santos falando as horas? Na década de 1990, isso se tornou possível. Em parceria com a marca Condor, o apresentador relançou um relógio com alto-falante para cegos que falava e usou a sua voz icônica para anunciar as horas.
Recentemente, o nostálgico aparelho foi distribuído a algumas pessoas como prêmio do Baú da Facilidade Jequiti, sob a marca Talking.
Fonte: Época Negócios