O ministro Luiz Marinho recebeu o pesquisador Rafael Grohmann, diretor do Digilabour ,que apresentou projetos de pesquisa que analisam os impactos da inteligência artificial no mundo do trabalho, desenvolvidos em diversos países, incluindo o Brasil
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, recebeu na última quinta-feira (15) Rafael Grohmann, diretor do Digilabour e representante do Observatório Internacional de Inteligência Artificial. Durante o encontro, Grohmann apresentou ao ministro e aos membros do Grupo de Trabalho sobre Inteligência Artificial (GT-IA) do MTE os projetos de pesquisa que analisam os impactos da inteligência artificial no mundo do trabalho, desenvolvidos em diversos países, incluindo o Brasil. A iniciativa do ministério visa coletar contribuições para enriquecer a agenda de debates do GT-IA, que foi estabelecido no dia 13 de agosto.
Durante o encontro, Luiz Marinho destacou o compromisso do MTE em assumir um papel de protagonismo na condução de políticas públicas, garantindo que as mudanças impulsionadas pela Inteligência Artificial (IA) beneficiem os trabalhadores brasileiros e, ao mesmo tempo, reduzam os riscos de exclusão do mercado de trabalho. “Muitas vezes, as inovações são apropriadas por poucos, o que aumenta as desigualdades”, alertou o ministro.
De acordo com Grohmann, o Observatório lançará, até outubro deste ano, os resultados de pesquisas que acompanham as políticas de regulação, desenvolvimento, inovação e governança em IA no mundo do trabalho em seis regiões: Brasil, União Europeia, China, Índia, EUA e Canadá. “Estamos analisando o que tem sido discutido, quais são as invisibilidades e os pontos cegos em relação ao mundo do trabalho, e como podemos avançar nessa área”, destacou.
O diretor do Digilabour ressaltou que o Brasil teve um papel de destaque nas discussões sobre trabalho decente durante o G20, especialmente em relação aos trabalhadores usados para treinar e alimentar as tecnologias de IA, frequentemente chamados de ‘chão de fábrica da IA’.
Grohmann chamou a atenção para o fato de existirem grupos de trabalhadores que estão fora do alcance das legislações trabalhistas em seus países de origem. “Durante a pandemia, vários países, inclusive o Brasil, emergiram como força de trabalho para IA, com uma grande parcela desses trabalhadores atuando em plataformas como a Amazon Mechanical Turk. Estes trabalhadores, majoritariamente mulheres, conciliam o trabalho doméstico com tarefas de etiquetagem e categorização de dados, essenciais para o funcionamento da IA.”
No entanto, o pesquisador explicou que esses trabalhadores enfrentam uma invisibilidade regulatória e quantitativa, já que não estão devidamente contemplados nas políticas trabalhistas e de cuidados, apesar de sua alta qualificação, muitas vezes incluindo mestres e doutores. “A situação desses trabalhadores, que utilizam suas habilidades para rotinas de IA, reforça a necessidade de maior atenção e regulação específica para essa força de trabalho essencial no Brasil e em outros países em desenvolvimento”, concluiu Rafael.
Fonte: Gov.com.br