92% dos consumidores das classes C, D e E priorizam lojas e marcas que oferecem experiências compras agradáveis, e 44% aceitam pagar a mais por isso.
O mercado de trabalho no Brasil mudou. Além do crescimento dos trabalhos informais, houve ainda o aumento de empreendedores. Segundo o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2022, feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), 67% da população brasileira adulta está envolvida no empreendedorismo, seja porque já tem um negócio, tem feito algo para ter, ou deseja começar a empreender nos próximos três anos.
Além disso, em um cenário de mudanças, há ainda o risco da instabilidade financeira da população, que passa a ter um padrão mais rigoroso sobre seus gastos. Vale pontuar ainda que, diante do fácil acesso a informações sobre marcas, o consumidor se torna mais exigente e passa a avaliar o custo-benefício dos produtos e serviços que deseja adquirir.
Esse novo cenário exige que as empresas se adaptem, oferecendo não apenas produtos de qualidade, mas também experiências de consumo personalizadas e transparentes, que atendam às expectativas de um público mais informado, criterioso e em busca de um custo-benefício mais vantajoso. Em resumo, a mudança no mercado de trabalho impulsionou um consumidor mais exigente, consciente de suas escolhas e em busca de valor real em suas aquisições.
Novos padrões de custo-benefício
Essas novas exigências do consumidor são mostradas na pesquisa Mercado da Maioria, feita pelo Instituto Locomotiva com a PwC. Segundo o levantamento, 66% do público das classes C, D e E valoriza a sensação de ter feito uma compra inteligente quando o produto tem um preço justo, e isso vai além de economizar. Além disso, na comparação com dez anos atrás, 63% dos brasileiros passaram a controlar mais seus gastos, enquanto o número de pessoas que consideram que a qualidade do produto pesa mais que o preço, no mesmo período, saltou de 11% para 59%.
Dentro dos novos padrões de custo-benefício, elementos como a experiência de compra e a praticidade se tornam cada vez mais importantes nas decisões de compra dos consumidores das classes C, D e E. Os números mostram que 92% dos consumidores priorizam lojas e marcas que oferecem uma experiência de compra agradável e, para ter isso, 44% aceitam pagar a mais. Já outros 38% dizem que pagariam a mais por marcas e lojas que ofereçam praticidade para receber ou levar a compra, um benefício apreciado por 90% dos ouvidos pelo estudo.
Pix desponta como método de pagamento preferido
No cotidiano do comércio, é comum encontrarmos o Pix, o cartão de crédito e o dinheiro como os meios de pagamento mais utilizados. Dentre eles, o Pix tem ganhado destaque, especialmente devido aos incentivos oferecidos pelos vendedores, que muitas vezes proporcionam descontos para transações realizadas por essa modalidade. Esse crescimento se deve a várias vantagens financeiras: o Pix não apresenta taxas nem para quem paga, nem para quem recebe, além de garantir a conclusão das transações de forma instantânea. Diante desse cenário, ele é preferido por 66% dos brasileiros.
Imersão digital do consumidor
A transformação digital entre os consumidores das classes C, D e E é um fenômeno crescente e significativo, e mostra um público cada vez mais conectado e consciente dos riscos e benefícios dessa conectividade. Uma pesquisa recente destaca mudanças importantes nos hábitos e percepções desses consumidores ao longo da última década. A crescente dependência da internet, combinada com a preocupação com a privacidade e a busca por tecnologias inovadoras, demonstra um cenário de consumo cada vez mais sofisticado e exigente.
A pesquisa indica que 66% dos consumidores dessas classes agora dependem mais da internet para comprar produtos e utilizar serviços em comparação com dez anos atrás. Essa maior dependência é acompanhada por uma crescente preocupação com a privacidade e segurança dos dados pessoais: 65% dos entrevistados relataram uma preocupação maior com o uso de seus dados pessoais pelas empresas do que há uma década.
O desejo por comodidade, eficiência e inovação no lar também é evidente. A pesquisa mostra que 66% dos entrevistados já possuem ou desejam adquirir um eletrodoméstico inteligente nos próximos 12 meses, sendo que 41% já possuem e 25% pretendem comprar. Esse interesse reflete uma tendência clara de adoção de tecnologias mais modernas, buscando otimizar a rotina doméstica.
Além disso, 61% dos consumidores expressam o desejo de ter eletrônicos e eletrodomésticos mais modernos do que os que possuem atualmente, demonstrando um interesse contínuo em atualizar seus equipamentos. Comparado a dez anos atrás, 47% passaram a valorizar mais a modernidade desses itens, enquanto apenas 15% declaram se importar menos.
Por Jessica Chalegra
*Foto: Shutterstock.com