sábado,23 novembro, 2024

Meta deixa Brasil de fora em expansão de assistente de IA e anuncia novo modelo gratuito para desenvolvedores

Exclusão ocorre após autoridade de dados proibir que empresa use informações de brasileiros para treinar ferramentas de inteligência artificial

Sem o incluir o Brasil, a Meta anunciou nesta terça-feira a expansão de sua assistente de inteligência artificial para redes sociais em 22 países, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru. De acordo com a big tech, “incertezas regulatórias locais” adiaram o lançamento no mercado brasileiro.

A previsão anterior da empresa era de que o robô, chamado de IA da Meta, começasse a rodar este mês no Brasil. Os planos foram revistos depois da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), no início de julho, questionar a política de privacidade da plataforma, que permitia o uso de informações públicas usuários para treinar IAs.

Em comunicado em seu site, a Meta disse que vai continuar trabalhando com “as autoridades locais competentes” para disponibilizar o sistema no Brasil.

A assistente virtual, que é similar ao ChatGPT e pode ser acessada em chats no Facebook, Instagram e WhatsApp, já estava disponível em inglês nos Estados Unidos e outros doze países, como Austrália, Canadá, Zimbábue e Zâmbia. Nesta terça, a Meta também informou que os robôs irão rodar em mais sete idiomas (francês, alemão, hindi, escrita romanizada em hindi, italiano, português e espanhol).

A dona do Instagram e Facebook ainda apresentou um novo modelo de inteligência artificial, o Llama 3.1, que irá alimentar a IA da Meta. O sistema, que funciona como o “cérebro” por trás das ferramentas de inteligência artificial, tem o código aberto e será disponibilizado para desenvolvedores de forma gratuita. Isso significa que qualquer um poderá acessá-lo e modificá-lo para criar novas aplicações.

O objetivo da Meta, com isso, é concorrer com competidores, como a OpenAI, criadora do ChatGPT, que utiliza modelos de código fechado e cobra de outras empresas pelo uso da tecnologia.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, disse que quer tornar a Meta AI o assistente de inteligência artificial “mais usado do mundo” até o final deste ano. O robô é a principal frente da gigante das redes sociais para espalhar IA generativa em suas plataformas. Zuckerberg ainda acrescentou que o Llama 3.1 será “um ponto de inflexão na indústria”.

Com as versões do Llama, menos potentes que modelos de IA concorrentes, a Meta tem desde o início da recente corrida da indústria apostado em uma estratégia de código aberto, enquanto Google, OpenAI e outras empresas cobram pela disponibilização de seus modelos. O movimento, no entanto, tem levantado preocupações sobre o risco de uso do Llama por hackers e criminosos.

Em carta divulgada nesta terça, Zuckerberg reforçou a posição da empresa e defendeu que a IA de código aberto “é mais segura do que as alternativas”. “Acho que será melhor viver em um mundo onde a IA é amplamente implantada para que grandes atores possam verificar o poder de pequenos atores maliciosos”, afirmou.

Por Juliana Causin — São Paulo, O Globo

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