No Brasil, o Dia do Escritor é comemorado em 25 de julho. A data foi instituída para homenagear o I Festival do Escritor Brasileiro, realizado em 1960. Idealizado por escritores de renome como João Peregrino Júnior e Jorge Amado, o festival tinha como objetivo promover a literatura nacional e valorizar os escritores brasileiros, reconhecendo a importância de suas contribuições culturais e sociais.
Em celebração a esta data, nós, do 360 News, entrevistamos Leonardo Teixeira, mestre em Gestão de Políticas Públicas, especialista em Planejamento e Gestão Estratégica, administrador público de formação e ex-Secretário Municipal de Administração de Camboriú (SC). Ele possui mais de dez anos de experiência em relacionamento com o setor público, sendo os últimos cinco anos dedicados ao trabalho com inteligência de dados.
Além do extenso currículo em áreas de administração e tecnologia, Leonardo possui duas paixões: a inovação e a literatura. No campo da inovação, ele atua como Gerente de Produtos na Inovally, uma empresa orientada a dados e resultados que desenvolve soluções inovadoras para aprimorar a tomada de decisão na gestão pública. Já no campo da literatura, é autor dos livros “Liberdade Cativeiro” (2019) e “Uma Dose de Absurdo” (2022), além de coautor das coletâneas “Pudor e Luxúria” (2016), “Minicontos Ipêamarelo – Negociata na Penumbra” (2021) e “Cidade de Todos, Quintal de Ninguém” (2022).
O 360 News entrevistou Leonardo sobre o tema literatura em comemoração à data. Confira:
360 News: O que te motivou a começar a escrever?
Leonardo: A necessidade de materializar, de alguma forma, tudo que se passava na minha cabeça. Criar é algo que me fascina. Quando garoto, eu me encantava com mundos de fantasia e passava horas imaginando e desenhando esses mundos. Participei de alguns concursos de literatura na escola e em revistas do ramo. Alguns até ganhei. Na juventude, eu sempre estive envolvido com a literatura de alguma forma. Tenho amigos que escrevem muito bem e, quando jovens, compartilhávamos textos nos antigos ‘blogs’. Mas quando entrei na faculdade isso foi interrompido. Novas responsabilidades e outras prioridades foram tomando conta da vida. Voltei a escrever ‘depois de velho’. Após um ano de muito estresse, mestrado, trabalho, presidência de uma ONG, término de um namoro, decidi encerrar algumas coisas na minha vida e me permitir coisas novas. Foi onde me reaproximei da literatura e, acredito eu, para nunca mais abandonar.
360 News: Como foi o seu processo de descoberta como escritor?
Leonardo: Foi um processo natural. Fui apenas escrevendo. As pessoas que liam perguntavam quando eu ia publicar algo meu. E eu nunca dei muita bola. Até que um dia achei uma editora que topou o desafio. O editor achou o que eu escrevia bom e a gente se conectou muito rápido.
360 News: Quem foram os seus primeiros incentivadores ou mentores na escrita?
Leonardo: Meus primeiros incentivadores, eu acredito que foram as pessoas que estimularam o meu hábito de leitura. Minha mãe é uma figura central aqui. Minha tia e alguns primos também. Trocávamos muitos livros entre nós. Na escola algumas professoras de português seguiam incentivando. Na juventude, os amigos que também escreviam… enfim, sempre estive rodeado de muita gente boa com os mesmos gostos e desejos.
360 News: Qual foi a inspiração por trás dos seus livros “Liberdade Cativeiro” e “Uma Dose de Absurdo”?
Leonardo:
Liberdade Cativeiro foi um livro que nasceu depois de um ano de terapia. Usei a poesia para cicatrizar algumas coisas dentro de mim. Alguns poemas são gritos, choros, desejos, raivas, enfim, a poesia é muito bela por isso. Quando vi, tinha escrito 250 poemas. Desses, selecionei alguns para o livro que transitam nessa temática da busca pela liberdade estando em um cativeiro. Ora livre, ora preso. Ora feliz, ora triste.
Leonardo:
Já o livro Uma Dose de Absurdo foi a materialização dos meus
pensamentos absurdos sobre o cotidiano brasileiro. São contos que estressam e extrapolam o limite do que é tido como normal. Tem umas pitadas de humor e sarcasmo – que espelham o que me faz rir. É o meu livro mais relaxado (em todos os sentidos da palavra).
360 News: Como você equilibra seu trabalho como Gerente de Produtos na Inovally com a sua carreira de escritor?
Leonardo: Escrever é um dos meus hobbies. Então, quando eu imagino algo, mesmo durante o trabalho, eu faço questão de anotar para não perder a ideia. E quando estou em meu tempo de descanso ou lazer eu busco desenvolver essas ideias. Às vezes não sai nada na hora, mas sempre consigo aproveitar alguma coisa. Tem conto meu que foi terminado dois anos depois da ideia inicial. Eu não tenho pressa, deixo as coisas maturarem e amadurecerem com calma. Faz parte do meu processo criativo.”
360 News: Pode nos contar um pouco sobre a sua participação nas coletâneas “Luxúria & Pudor” e “Minicontos Ipêamarelo – Negociata na Penumbra”?
Leonardo: Na juventude eu participava de alguns grupos literários e um desses se propôs a produzir alguns contos com temáticas conflitantes. Foi aí que nasceu Pudor e Luxúria. Já o Negociata na Penumbra foi um concurso ao qual eu submeti um miniconto que foi aprovado para a publicação impressa.
360 News: Como foi a experiência de ser curador e jurado no livro “Cidade de todos, quintal de ninguém”, da ONG Cidades Invisíveis?
Leonardo: Foi uma das mais marcantes. Li um conto que foi um soco no meu estômago. É o mesmo que dá o título ao livro. O conto traz um cenário fantástico de uma casa em uma rua que flerta com o real de maneira muito poética. Um primor. Ali percebi que nosso Brasil é cheio de surpresas e riquezas em todos os cantos. O que falta mesmo é oportunidade. O projeto foi lindo. Participei com uma grande amiga minha e também escritora Samantha Buglioni – que já foi minha professora.
360 News: Você tem algum projeto literário em andamento ou futuro que possa compartilhar conosco?
Leonardo: Sim. Estou querendo explorar outras mídias literárias. Quero, agora, me aventurar nos quadrinhos. Estou finalizando um roteiro de uma história infantil. A vivência com a minha filha me trouxe um novo mundo. Novas possibilidades e experiências. A cabeça fervilha de ideias, mas tudo ao seu tempo.
360 News: Quais autores ou obras influenciam seu estilo de escrita?
Leonardo: Eu diria que sou mais influenciado por outras mídias do que pela literatura em si. Posso citar aqui Alejandro Jodorowsky e Alan Moore (cinema e quadrinhos) e os nacionais Chico e Quintanilha (quadrinhos). Mas se for apontar na literatura, eu gosto muito da literatura fantástica do Leonel Caldela e de autores pouco conhecidos, mas que me cercam, como o Anderson Bernardes, José Vecchi e a própria Samantha Buglioni. Enfim, difícil selecionar. Acredito que tudo que eu leia vá se somando e, de alguma forma, me inspira e ajuda a escrever melhor.