Governo japonês iniciou campanha contra uso de disquetes em repartições públicas há dois anos, mas só agora venceu essa “guerra”
Apesar de ser tecnologicamente avançado, o Japão tem muitas repartições públicas que usam disquetes. Ou melhor, tinha até o mês passado. É o que afirma o ministro de assuntos digitais do país: “nós vencemos a guerra contra os disquetes em 28 de junho”.
Disquetes de 3,5″ foram muito populares
Disquetes (floppy disks) são unidades de armazenamento de dados que foram muito populares entre os anos 1980 e o início da década de 2000. Apesar disso, a tecnologia foi desenvolvida no final dos anos 1960.
Os disquetes de 3,5 polegadas foram os mais conhecidos. Eles armazenavam apenas 1,44 MB, sendo virtualmente capazes de ampliar um pouco essa capacidade com auxílio de softwares de compactação de dados.
A capacidade limitada de armazenamento de dados muitas vezes obrigava desenvolvedores a distribuir softwares utilizando vários disquetes. O Windows 95, por exemplo, precisava de pelo menos 13 unidades.
Mas o maior problema era a fragilidade. A vida útil dos disquetes não costumava passar de cinco anos. Além disso, por eles utilizarem um processo magnético para armazenar dados, não era raro arquivos serem corrompidos quando a unidade ficava próxima de um imã, por exemplo.
A guerra do Japão contra os disquetes
Em 2021, durante a pandemia de COVID-19, o governo japonês criou a Agência Digital para otimizar os programas de testes e vacinação contra a doença, entre outras finalidades. Isso porque o governo percebeu que muitas de suas repartições ainda dependiam de papel e tecnologias obsoletas.
Sob liderança do ministro Taro Kono, o Japão iniciou então um campanha para substituir os disquetes e outras tecnologias defasadas nos órgãos governamentais.
Apesar de a campanha ter sido iniciada há dois anos, somente em janeiro de 2024 o governo japonês parou de exigir disquetes, CDs e outros tipos de mídia física para envio de dados às suas repartições.
De lá para cá, ainda havia uso residual de disquetes e outras mídias de armazenamento por alguns órgãos. Mas, de acordo com Kono, todo o processo de digitalização foi concluído em junho de 2024.
Vem daí a declaração do ministro de vitória contra os disquetes, dada à Reuters. Esse trabalho envolveu não só a substituição das mídias obsoletas por soluções digitais, como também o anulamento de mais de mil regulamentos que permitiam o uso de disquetes, CDs e afins.
É curioso como o disquete sobreviveu por tanto tempo no Japão. Como observa o Ars Technica, a Sony foi a última empresa a fabricar esse tipo de mídia, e parou com a produção em 2011.
Japão também luta contra o fax
O Japão pode ter derrotado os disquetes, mas a luta contra tecnologias obsoletas está longe do fim. Ainda há muitas organizações públicas e privadas no país que utilizam fax e máquinas de escrever, por exemplo.
Questões burocráticas e de costumes estão entre os fatores que ainda fazem esses dispositivos serem amplamente aceitos em um país que, ironicamente, é referência em modernidade.