Projeto Bridge, liderado pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP, foi um dos três novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão selecionados para receber investimentos da Fapesp
Liderado pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, o projeto Bridge: Gestão de Ecossistemas para Transições Sustentáveis foi escolhido um dos novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão, os chamados Cepids. Selecionado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no final de maio, é um dos três que abrangem as áreas de ciências humanas e sociais, arquitetura e urbanismo, e economia e administração.
O Bridge, sigla de Building Radical Innovation and Disruption for Global Ecosystems, abrange três grandes linhas de investigação – urgência climática, desigualdade e reindustrialização – e reúne professores e pesquisadores de instituições de ensino do Estado de São Paulo e do exterior. Fazem parte do projeto liderado pela FEA: a USP em São Carlos, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), a Fundação Getúlio Vargars (FGV), além das universidades estrangeiras Oxford, Cambridge, Sussex e Texas.
“A seleção da nossa proposta representa um grande prestígio para a USP”, afirma José Afonso Mazzon, professor da FEA e coordenador do projeto. “O Cepid mostra a capacidade de organização de um grupo grande de professores e pesquisadores alinhados em um objetivo comum. Além disso, podemos destacar o papel transformador do centro, que em última análise é um exemplo de eficácia de política empresarial e pública para pesquisa, desenvolvimento e inovação.”
Atualmente, a USP possui 13 Cepids em atividade, vinculados a várias unidades e relacionados às diferentes áreas de conhecimento. São centros de pesquisa de ponta comprometidos com o desenvolvimento de pesquisa multidisciplinar de alto nível, formação de recursos humanos, transferência de tecnologia e difusão de conhecimento para a sociedade.
Três grandes desafios
Criado como grupo de pesquisa em 2019, vinculado ao Centro de Inovações da USP (Inova USP), e fundado pelos professores da FEA Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes e Felipe Mendes Borini, visava à formação de um consórcio para desenvolver uma nova geração de metodologias e ferramentas para a gestão da inovação e empreendedorismo no contexto de ecossistemas. “A visão do grupo é que ele teria uma área de pesquisa aplicada, chamada de gestão de ecossistemas”, explica Gomes.
Dentro do projeto do Cepid Bridge, foram estabelecidos oito programas de pesquisa focados em diferentes tipos de ecossistemas e perspectivas de gestão para enfrentar três grandes desafios propostos: urgências climáticas, desigualdades e reindustrialização. “O que a gente não tem, tanto na sociedade quanto na academia, organizadas, é a ciência e a prática da resolução desses grandes desafios”, justifica Gomes.
Projeto Bridge é vinculado ao Centro de Inovações da USP; na foto o prédio do Inova USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Ele conta que, dentro dessa perspectiva, eles começaram a organizar um conjunto de competências de professores, de diferentes áreas das ciências sociais e das ciências sociais aplicadas, para tentar construir e desenvolver esse campo de pesquisa que está emergindo, no Brasil e no mundo. “Mas acima de tudo construir o campo da prática, no sentido de fornecer softwares, plataformas e soluções que serão úteis para a formulação de políticas públicas, para o governo em suas diferentes instâncias, legisladores, empreendedores e empresas.”
O professor Felipe Borini afirma que a gestão do ecossistema trabalha para juntar os atores e dar condições para que alcancem o objetivo almejado. “Sempre que se tiver uma inovação, precisamos saber quem são as empresas e as instituições que vão ajudar essa inovação acontecer, e como elas vão trabalhar em conjunto. A gente cuida dessa gestão, para fazer com que a inovação chegue o mais rápido e da melhor maneira possível ao mercado”, explica.
O centro fornecerá manuais, tecnologias de gerenciamento e softwares destinados a criar, gerenciar e transformar ecossistemas voltados para empreendedores e empresas estabelecidas. Além de promover startups e transferência de conhecimento para os atores envolvidos, o centro difundirá conhecimento por meio de congressos científicos e práticos, programas de aceleração e uma plataforma de aprendizagem composta de masterclasses, kits de ferramentas digitais, podcasts, newsletters e notícias.
Para as universidades, o Cepid Bridge prevê o fornecimento de um novo conjunto de capacidades de coordenação. Serão disponibilizadas cerca de 40 bolsas para doutorado e pós-doc. Em relação aos gestores de políticas públicas, a ideia é oferecer um portfólio de ferramentas centradas na criação e alimentação de ecossistemas.
Os responsáveis pelo Cepid deram exemplos de ecossistemas que podem ser gestados pelo centro. Entre eles, um ecossistema que favoreça o surgimento de startups que visem criar soluções para os eventos climáticos extremos. Ou ainda, que melhorem o acesso da população à saúde. “O que a gente fornece são as ferramentas de gestão para que isso aconteça. A gente é menos o espaço de criar o artefato tecnológico, e mais o de ajudar a criar a organização, ou o ecossistema, que é uma forma de organização que vai conseguir lidar com isso”, finaliza Gomes.
Texto adaptado de Cacilda Luna, da Assessoria de Imprensa da FEA