quinta-feira,03 outubro, 2024

Um dos maiores especialistas em robôs humanoides do mundo, ele tem como missão facilitar o convívio com humanos

Um dos maiores especialistas em robôs humanoides do mundo, Luis Sentis tem como missão principal facilitar o convívio entre robôs e seres humanos na Terra – e, no futuro, no espaço. Coordenador do Human Centered Robotics Lab da Universidade do Texas, é também fundador e cientista-chefe da Apptronik Systems, empresa responsável pelo robô Apollo, desenvolvido em parceria com a Nasa. Sentis trabalha em duas frentes: criando robôs que podem aprender diferentes tarefas todos os dias – e, um dia, dominar tudo que é feito dentro de uma organização –, e investigando a natureza da relação entre homens e máquinas.

Acredita que estamos finalmente entrando na era dos robôs humanoides? Demorou um pouco para essa era chegar, não acha?

Sim, você tem razão. É como se as coisas estivessem paradas há décadas. Quer dizer, os robôs têm sido usados industrialmente desde a década de 1960 e tiveram o apogeu na década de 1980. Mas de repente a indústria esfriou, e só agora começa a pegar fogo de novo. Esse novo momento dos robôs é alimentado por dois fatores. Em primeiro lugar, hoje temos sistemas mecânicos mais eficientes em termos de energia. Em segundo, os preços dos componentes robóticos diminuíram muito, e devem continuar caindo. Hoje custa dez vezes menos construir um sistema robótico complexo como um humanoide do que há dez anos.

Como você imagina que essa nova era será desenhada?

Bem, se considerarmos apenas o ponto de vista da indústria, os robôs existem para aumentar a produtividade. Mas eu não gostaria de ver demissões em massa por causa da robótica. Na minha opinião, os robôs centrados em humanos, como eu os chamo, seriam muito mais úteis trabalhando em pequenas e médias empresas, que representam 99% das empresas nos Estados Unidos. Empresas como a Amazon e a Tesla podem ter exércitos inteiros de pessoas em suas fábricas, mas os jovens que querem abrir uma empresa hoje não têm condições de pagar as 20 pessoas de que necessitam. Então é aí que acho que a robótica pode ajudar. Especialmente os robôs humanoides, que podem reproduzir a destreza do corpo humano, ajudar na manufatura enxuta, colocar coisas em caixas, fazer fabricação manual básica, mover objetos, cuidar de máquinas e assim por diante. Do meu ponto de vista, os robôs centrados no ser humano permitirão que as pequenas e médias empresas prosperem. Especialmente os novos que estamos fabricando agora, capazes de aprender novas tarefas todos os dias, por meio da combinação entre robótica e IA.

Mas os robôs não serão muito caros para esses founders?

A Apptronik quer tornar os robôs acessíveis às pequenas empresas. Hoje, muitas companhias de menor porte já usam braços robóticos, que podem ser comprados por cerca de US$ 2 mil. A proposta é cobrar o preço de um carro de luxo por um robô humanoide, algo em torno de US$ 50 mil.

E nas casas, quando os robôs humanoides vão chegar?

Isso ainda vai demorar um pouco. Há vários obstáculos relacionados à legislação, à privacidade e assim por diante. Veja bem, as pessoas já estão bastante preocupadas com os aparelhos que têm em casa, como assistentes virtuais e aparelhos conectados. Imagine como será o receio com os robôs. E há ainda a questão comportamental, que estamos estudando aqui na universidade, em um projeto chamado Community Embedded Robotics.

Pode explicar como funciona esse projeto?

Estamos investigando a interação entre robôs, professores, alunos e visitantes da comunidade universitária. Colocamos diversas máquinas na comunidade, transportando coisas, inspecionando edifícios, conduzindo passeios guiados. E estamos tentando ver como as pessoas se sentem. Professores e alunos gostam dessa presença? O que gostariam de mudar? Estamos fazendo mais do que coletar entrevistas. Nós pedimos para as pessoas usarem sensores que medem os seus níveis de estresse, por meio do suor e dos batimentos cardíacos. Já sabemos que alguns ficam muito entusiasmados quando há robôs por perto. E outros ficam extremamente estressados. E há quem sinta as duas coisas ao mesmo tempo. No momento, nada está finalizado. Devemos publicar os resultados em seis meses ou mais. Esperamos que esses dados ajudem as empresas que estão pensando em implantar robôs e, mais para a frente, as pessoas que pensarem em ter um robô em casa. Penso que é esse tipo de aviso que as empresas de IA estão passando para nós neste momento: à medida que as tecnologias avançam, temos de ser extremamente cuidadosos, educando as pessoas para que realmente usem essas máquinas em benefício da sociedade, e não apenas de uma única pessoa ou empresa.

Pode explicar como funciona esse projeto?

Estamos investigando a interação entre robôs, professores, alunos e visitantes da comunidade universitária. Colocamos diversas máquinas na comunidade, transportando coisas, inspecionando edifícios, conduzindo passeios guiados. E estamos tentando ver como as pessoas se sentem. Professores e alunos gostam dessa presença? O que gostariam de mudar? Estamos fazendo mais do que coletar entrevistas. Nós pedimos para as pessoas usarem sensores que medem os seus níveis de estresse, por meio do suor e dos batimentos cardíacos. Já sabemos que alguns ficam muito entusiasmados quando há robôs por perto. E outros ficam extremamente estressados. E há quem sinta as duas coisas ao mesmo tempo. No momento, nada está finalizado. Devemos publicar os resultados em seis meses ou mais. Esperamos que esses dados ajudem as empresas que estão pensando em implantar robôs e, mais para a frente, as pessoas que pensarem em ter um robô em casa. Penso que é esse tipo de aviso que as empresas de IA estão passando para nós neste momento: à medida que as tecnologias avançam, temos de ser extremamente cuidadosos, educando as pessoas para que realmente usem essas máquinas em benefício da sociedade, e não apenas de uma única pessoa ou empresa.

APPTRONIK
Fundação: 2017
Fundadores: Jeff Cardenas, Nicholas Paine e Luis Sentis
Onde: Austin, Texas
Número de funcionários: 2.190
Valor total de aportes: US$ 28,7 milhões

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