A abertura de micro e pequenas empresas disparou no país no último ano. Isso ajuda a impulsionar a economia, mas também pode ser a chance perfeita para criminosos que buscam lucrar, enganando quem luta para alavancar o próprio negócio.
Wanderson Santos tem uma barbearia na Grande São Paulo. Há dois anos, ele se tornou MEI – Microempreendedor Individual – para montar o negócio. Desde então, é alvo diariamente de tentativas de golpe. Em uma delas, recebeu por e-mail a cobrança de uma taxa de cento e 80 reais. Ele conta que dividiu em três vezes, pagou a primeira parcela e só depois percebeu que havia caído numa armação.
“Eles conseguem achar as pessoas que estão se cadastrando no MEI no governo para abrir uma empresa, e eles conseguem achar essas pessoas e mandar os e-mails cobrando taxas que não existem. Com pouca informação a gente vai e cai no golpe, infelizmente”, diz ele, em entrevista ao SBT.
O Brasil registrou a abertura de 859 mil micro e pequenas empresas em 2023, um crescimento de quase 7% em relação ao ano anterior. São quase 16 milhões de MEIs no país, o que aquece a economia, mas também é uma porta de entrada para os golpistas.
Segundo Solano de Camargo, presidente da Comissão de LGPD e IA da OAB/SP, “as pessoas têm que saber que, a partir do momento que elas abrem um MEI, seus dados serão compartilhados e poderão ser objetos de crimes virtuais.”
Os criminosos estão cada vez mais especializados. Atualmente, existem pelo menos oito tipos de golpes contra MEIs. Eles incluem cobranças indevidas por boleto, links de sites falsos para abertura do MEI, e-mails com pedidos para retificar a declaração anual do Simples Nacional, falso auxílio ao empreendedor, empréstimos falsos, falsa guia de documento de arrecadação, falsos fornecedores de produtos e serviços, e até mesmo a emissão de um documento inexistente para obter uma linha de crédito.
“Na medida em que a pessoa tem os dados divulgados, ela recebe um contato e aí são diversas as situações: são cobradas taxas que não existem, são oferecidos serviços que também não existem, contas bancárias, principalmente créditos consignados, seguro saúde”, reforça a especialista. “Por isso, é preciso tomar cuidado com a forma que a informação chega e como as pessoas foram contatadas. Muitas dessas ofertas podem ser reais, mas muitas delas não”, complementa.
Gudryan Neufert