Com 300 mil pontos de venda (PDVs) espalhados pelo Brasil, acompanhar as gôndolas é um desafio gigante. A BAT Brasil (ex-Souza Cruz), líder no mercado de tabaco brasileiro, decidiu apostar em uma solução tecnológica para analisar as peças de merchandising da marca e implementou um sistema de IA em 80 mil dos seus PDVs no final de 2022 — o que gerou uma economia de R$ 1 milhão até agora.
Para implementar a estratégia, a BAT se associa à startup Tooq Retail, especialista no desenvolvimento de sistemas de IA integrados ao varejo. De acordo com a proposta, a tecnologia deveria coletar dados e os processar em tempo real, identificando falhas e necessidades de eventuais reparos.
Dessa maneira, garantiria o acompanhamento em tempo real das peças — que são um importante canal de comunicação da marca com o consumidor e incluem informações básicas, como o preço do produto. A ferramenta também serviria para integrar o time de campo com as áreas de marketing, supply chain e auditoria.
“Estamos vindo de uma jornada de digitalização e simplificação de processos. Por isso, mexer na área de merchandising era fundamental”, disse Bruna Neves, Gerente de Desenvolvimento e Inovação Logística da BAT Brasil, em entrevista. Segundo ela, com a enorme quantidade de PDVs e campanhas, a chance de haver uma informação errada é enorme – o que acaba gerando um retrabalho gigante.
Antes da solução, funcionava mais ou menos assim: uma pessoa terceirizada contratada ou um próprio funcionário da BAT ia até o local de venda, tirava fotos e inseria as informações de forma manual para uma base de dados. Muitas vezes, a comunicação de produtos ou do material não era adequada, e isso prejudicava eventuais serviços de trocas, instalação ou manutenção das peças. “Precisávamos de uma ferramenta para validar de forma mais rápida e apurada a efetividade das peças, para assim evitar perdas de deslocamento e material”, diz Bruna.
Com a ajuda da IA, a companhia diz que passou a analisar de forma rápida e confiável cerca de 100 mil imagens por dia, com 97% de precisão. A economia financeira se dá por duas razões: redução dos gastos com pessoal (pelo pagamento de serviço em casos sem necessidade da auditoria) e das impressões para produção do material – que segundo a BAT, é reciclável. “Também há um impacto ESG, pela diminuição dos resíduos e de deslocamentos.”
Everson Muhlmann, CEO da Tooq Retail, explica que o sistema é integrado com os times de campo e a análise é toda feita nos sistemas da startup. “O grande desafio é fazer isso de forma precisa e com custo escalável. Nosso diferencial é que temos data center próprio.”
Segundo Bruna, a tecnologia não veio para substituir funcionários. “A solução nos ajuda na jornada de digitalização e simplificação, direcionando os esforços da nossa equipe para atividades que agreguem valor. Eles não terão mais que ficar olhando 300 mil fotos, já que a IA vai fazer essa análise”, afirma.
Por Sofia Schuck