Criado em 2019 para conectar o ecossistema brasileiro de inovação com o Vale do Silício, o Brazil at Silicon Valley (BSV) chega à sua sexta edição, que acontece de domingo (7) até terça-feira (9), na Califórnia (EUA). A iniciativa liderada por estudantes das universidades de Stanford e Berkeley quer agora aprofundar o debate sobre inteligência artificial, já iniciado no evento do ano passado.
“Na última edição, realizada no começo de 2023, a inteligência artificial ainda era uma grande novidade. Havia muita empolgação e entusiasmo sobre o tema, principalmente por causa do sucesso recente do ChatGPT”, explica Rosiane Pecora, membro do Distinguished Career Institute de Stanford e também do conselho do BSV, em entrevista.
Agora, com a consolidação e massificação da tecnologia, outros debates são necessários, incluindo regulamentação, ética, segurança e como usar a IA na prática em diferentes setores e mercados. “Este ano, o foco é um olhar especial sobre como a inteligência artificial pode gerar valor para as empresas”, diz Rosiane. “Nosso grande objetivo é responder à pergunta: ‘Se eu investir em IA, como será a minha receita?’. Por isso, teremos exemplos concretos em diversos painéis.”
De acordo com a programação do evento, os exemplos de empresas que já têm bons resultados com a aplicação da IA serão apresentados por executivos de big techs, como Google e Qualcomm, e startups, como Workera, Curio e a brasileira Brex, cujos dois fundadores, Pedro Franceschi e Henrique Dubugras, participarão de painéis distintos.
Outro tema chave para a conferência é a corrida contra o tempo para frear as mudanças climáticas. Mais especificamente, o BSV busca mostrar como a tecnologia, em especial a IA, pode contribuir para o combate à crise climática – e como o Brasil pode aproveitar o momento e se tornar uma liderança em climatech.
“Tivemos um cuidado de não transformar o BSV em outra COP [conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas]. Nossa intenção é mostrar como as tecnologias do Vale do Silício podem ajudar a desenvolver soluções e negócios que sejam sustentáveis e ajudem a gerar crescimento e desenvolvimento para o Brasil”, explica Rosiane.
O Vale de olho no Pix
Feito apenas para convidados, o Brazil at Silicon Valley diminuiu o número de participantes neste ano – de 600 para 500 pessoas. Segundo Rosiane, a mudança visa facilitar a construção de networking entre os participantes, o que, segundo ela, é o verdadeiro elemento indispensável para quem vai ao BSV.
A conferência também traz novidades sobre o espaço onde acontece, com um happy hour de boas-vindas sendo realizado no Cantor Arts Center, um museu dentro da Universidade de Stanford conhecido por ter o segundo maior número de obras do escultor francês Auguste Rodin, atrás apenas do Museu Rodin, em Paris.
É nesse espaço que o Pix deve ser assunto de algumas rodas de conversas. A forma de pagamento totalmente digital e instantânea é um dos principais cases de sucesso made in Brazil, e chama a atenção de empreendedores, investidores e estudantes pelo mundo.
“O Pix é muito famoso no Vale”, diz Rosiane. “O case do Nubank é outro que é sempre mencionado por aqui. A Brex também é bem famosa. Temos bons exemplos de negócios no Brasil, e o Vale do Silício sabe disso”, conclui.
Por Soraia Alves