Nível chegou a 54 cm nessa quarta-feira, quando o esperado era de 1,73 metro. Abastecimento de água pode ser afetado em MT.

O nível do Rio Paraguai, que drena o bioma Pantanal, chegou a 54 cm nessa quarta-feira (4) no município de Cáceres, quando o esperado seria de 1,73 metro. Há um ano, o rio marcava 85 cm. A seca do rio já é a pior de toda a série histórica no município mato-grossense, que data de 1967. E em Cuiabá, a cota atual é 20 cm, quando o normal seria 81 cm.

Os dados são do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), que alerta para a possibilidade do abastecimento de água em Mato Grosso ser afetado por causa da seca. Os níveis registrados nas estações do órgão em Cuiabá e Cáceres estão abaixo da mínima histórica que tinha sido atingida em 2020.

Os níveis devem continuar caindo em agosto e piorar a crise hídrica na região, avalia o SGB-CPRM. O ano de 2021 já é o terceiro consecutivo em que o Pantanal não apresentou a habitual cheia. Os números foram apresentados na Sala de Crise do Pantanal a convite da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA).

O SGB/CPRM ressalta que o norte da bacia é uma região estratégica para o monitoramento porque as chuvas costumam ser mais abundantes no início do ano, e que a situação atual preocupa. A intensidade da vazante aumentou a partir do mês de julho, agravando a situação hídrica tanto em Mato Grosso quanto em Mato Grosso do Sul, e deve seguir severa nos meses de agosto e setembro.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Em alguns pontos, o rio Paraguai está no nível mais baixo de toda a série histórica, e baixou quase 20 centímetros na última semana. A bacia está em regime de recessão, diminuindo cerca de dois centímetros por dia. Na estação de Ladário (MS), considerada um termômetro da situação de seca, foram registrados 84 cm nessa quarta, enquanto o nível normal esperado para esta época do ano é de 4,15 m.

Segundo o SGB-CPRM, o rio só esteve mais baixo do que agora em 4 ou 5 episódios durante a seca prolongada dos anos 1960 e 1970, mas que existiam poucas estações de monitoramento na região do Pantanal naquela época.

O reservatório da usina de Manso, que atende a região de Cuiabá, opera com vazão mínima há mais de um ano. Segundo a Furnas, empresa que opera a hidrelétrica, o reservatório conta atualmente com 20,6% de seu armazenamento e, caso seja mantido o nível de utilização atual, é possível projetar um colapso hidráulico a partir da primeira quinzena de outubro.

Chuvas

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), existe a possibilidade da estação chuvosa no Centro-Oeste não atrasar muito neste ano. As chuvas devem aumentar em setembro, mas com volumes baixos. Nos dois últimos meses do ano, as precipitações devem atingir valores próximos à climatologia. A estimativa é de retorno das chuvas na segunda quinzena de outubro. Conforme o Inpe, 2021 vem se comportando como um ano bem mais seco, com menor volume de chuva registrado desde 2010.

De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a região do Pantanal vive uma seca pluviométrica que já dura dois anos. Em certas regiões de Mato Grosso, não chove há mais de 60 dias. Chuvas de até 30% acima ou abaixo da média não devem fazer uma diferença significativa na seca durante o próximo mês, já que as chuvas nesta época são escassas.

O Cemadem diz ainda que é provável que o Brasil passe pelo fenômeno La Niña, de resfriamento dos oceanos, durante a primavera. Isso deve prejudicar as chuvas no centro-sul do país.

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