quinta-feira,03 outubro, 2024

De que forma os painéis fotovoltaicos poderão contribuir para a transição energética?

Ao invés do comum painel solar, que é geralmente utilizado para efeitos térmicos, os paineis fotovoltaicos conseguem converter o calor vindo do sol em eletricidade. O efeito é conseguido através da tensão entre duas camadas de fatia semicondutora de conexão oposta ou entre um metal e um semicondutor.

Os painéis são feitos de silício e podem ser monocristalinos (de cor azul ou preta) ou policristalinos (azuis-claros). A maior diferença entre ambos é o nível de eficiência. Os painéis com vários cristais são mais vulneráveis a altas temperaturas e por isso menos eficientes, ainda que mais populares entre os consumidores, uma vez que são mais baratos. Os monocristalinos são mais caros, mas também mais resistentes.

Uma questão importante a considerar na escolha deste tipo de painéis é o investimento inicial. A instalação de 6 painéis com baterias de 2kWh custa cerca de 9000€. No entanto, há que ponderar a poupança mensal. Tendo em conta a duração média de cada painel, que é cerca de 20 a 25 anos, este investimento inicial poderá ser inteiramente recuperado num prazo de apenas oito.

O passo mais importante a tomar é, sem dúvida, o uso massificado deste sistema. Será possível?

Atualmente existem já alguns países que deram esse passo, muito embora não satisfaçam ainda todas as necessidades energéticas das cidades onde os painéis foram instalados, uma vez que os estes não fornecem eletricidade durante o período da noite.

É o caso da cidade de Fujisawa, no Japão. Situada a 50 km de Tokyo, este projeto foi inaugurado em 2014 e consegue fornecer energia a cerca de mil casas, cobrindo uma área de 19 hectares.

Na Índia existe um projeto similar. Trata-se da Diu Smart City. Em funcionamento desde abril de 2018, esta cidade consome 100% de energia renovável durante o dia. Para esse efeito, criou um parque solar de 9MW (megawatts) num terreno de 50 hectares de terra rochosa. Além disso, foi ordenada a instalação de painéis solares em mais de 70 edifícios governamentais. Esta medida abrange mais 20 mil residentes e resulta também em menos 13 mil toneladas de CO² emitido por ano.

Nos EUA a tendência para a colocação de painéis e uso de energia solar tem vindo também a aumentar. De acordo com o site frontiergroup, são mais de 50 as cidades americanas que já transitam para as energias renováveis e entre 2013 a 2019 o uso de painéis solares foi duplicado.

O município de Santiago do Cacém, no litoral alentejano, poderá em breve albergar o quinto maior projeto do mundo no sector das centrais solares, com capacidade para fornecer energia a mais de 400 mil casas.

Em Portugal, brevemente irá ser inaugurada a maior central solar europeia. Situada na Cerca, entre os concelhos da Azambuja e Alenquer, terá um total de 458 mil painéis fotovoltaicos monocristalinos, inseridos numa área de 744 hectares que produzirão 388 mil MWh anualmente.

E foi já apresentado pela Iberdrola aquele que poderá ser o quinto maior projeto do mundo no sector das centrais solares. A central, de nome “Fernando Pessoa”, ficará localizada no município de Santiago do Cacém. Com 1200 MWh de capacidade instalada, conseguirá fornecer energia a mais de 400 mil casas. Este projeto visa também, segundo a empresa espanhola, “evitar a emissão de CO² na ordem dos 370 milhões de metros cúbicos”. No total será feito um investimento de cerca de 800 milhões de euros.

Uma outra solução, como sugere o estudo do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia, será a instalação integrada, ou seja, a utilização de telhados, a instalação flutuante em reservatórios de água e sistemas nas estrada e caminhos-de-ferro. De acordo com o relatório, este sistema integrado aponta para um potencial de produção energética de 1120 GW (Gigawatts), cerca de metade do consumo elétrico dos países que pertencem à União Europeia.

Em suma, os painéis fotovoltaicos ou tecnologia derivada irão gradualmente ocupar o seu lugar na produção maciça de energia. Ainda não chegámos lá, mas o potencial é inegável e a implementação será inevitável.

Os passos estão a ser dados, pese ainda algumas dificuldades como o preço dos materiais, as áreas necessárias para a construção, os impactos ambientais locais ou ainda a necessidade de integrar os vários sistemas.

Por: Bernardo Simões de Almeida

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