O primeiro  AMIBcast de 2024 estará disponível no Spotify e no Youtube a partir de hoje, 23 de fevereiro. O episódio conta com a participação dos médicos Carlos Nassif, da UTI do Hospital Nove de Julho e da UTI do Serviço de Cirurgia Emergência do HCFMUSP, e Victor Gadelha, head de Inovação Médica em hospitais, da DASA

Recursos de monitoramento cerebral aliados à Inteligência Artificial em um cenário multimodal podem mudar os rumos dos cuidados de pacientes neurocríticos, ampliando, inclusive, as perspectivas de desfechos mais positivos no caso de pacientes graves. E, além disso, as tecnologias também podem ter impacto positivo para os negócios das instituições de saúde, um fator importante, principalmente diante do atual cenário de crise do setor.

Esse é um movimento já em curso sobre o qual os médicos Carlos Nassif, da UTI do Hospital Nove de Julho e da UTI do Serviço de Cirurgia Emergência do HCFMUSP, e Victor Gadelha, head de Inovação médica em hospitais da DASA. O episódio, disponível a partir de 23 de fevereiro no Spotify e no canal do Youtube da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), tem como mediador o diretor do EaD AMIB e fundador do AMIBcast, Caio Vinicius Gouvêa Jaoude.

Mais do que reflexões, os especialistas trazem exemplos que têm impactado positivamente os cuidados de seus pacientes, além de contribuir para os resultados de negócios das instituições onde atuam. É um tema que interessa a toda a cadeia do setor da saúde. E aqui, vale resgatar os recentes dados da pesquisa realizada pela Associação Nacional de Hospitais Privadas (Anahp) em seu congresso nacional, o Conahp 2023. O estudo revelou que para 82,51% dos pesquisados, o setor enfrenta forte crise e que a solução para 91,49% envolve transformações em todos os elos da cadeia. Entre as muitas mudanças necessárias apontadas estão aspectos como: acesso rápido ao cuidado, diagnóstico precoce e tratamento adequado; gestão de recursos que evite gastos desnecessários; tecnologia e inovação.

E já há tecnologias que oferecem soluções alinhadas a essa necessidade, entre elas, está uma inovação científica pioneira e brasileira: o monitoramento não invasivo da pressão e complacência intracraniana da brain4care. Com essa tecnologia, os pacientes são monitorizados com um sensor posicionado externamente na cabeça, com auxílio de uma banda de fixação. Em tempo real, informações sobre pressão (PIC) e complacência (CIC) intracraniana  são captadas e enviadas via internet para a nuvem da brain4care, onde são processadas por algoritmos e devolvidas no formato de relatórios na tela de um tablet ou smartphone comum. Antes da brain4care, o acesso a estes dados era obtido, principalmente, por métodos invasivos, entre eles, o padrão ouro, a inserção cirúrgica de um cateter na caixa craniana.

Nassif conheceu a tecnologia há cerca de 8 anos e, depois de ler os estudos científicos já publicados sobre a solução e utilizar de modo experimental, incluiu o recurso em sua rotina de atendimento a pacientes neurocríticos. Ele fez descobertas importantes, entre elas, que os dados da complacência intracraniana (CIC) podem fornecer informações relevantes em menor tempo, auxiliando como fator preditivo antes mesmo que alterações da PIC aconteçam. Nassif explica que em um paciente com traumatismo craniano, por exemplo, as alterações na complacência acontecem antes da pressão intracraniana subir, permitindo ao médico atuar de modo preventivo na ocorrência de danos secundários.

Além disso, o monitoramento não invasivo da pressão e complacência intracraniana auxilia na triagem e indicação, com segurança, daqueles que realmente precisam ser submetidos a outros procedimentos, como uma tomografia ou outros exames diagnósticos, evitando o risco de transporte de um paciente grave da UTI para a sala de imagem ou a realização desnecessária de exames invasivos com risco de infecção.

Nos últimos quatro anos, Gadelha tem acompanhado de perto o empreendedorismo de startups brasileiras na área de saúde. “Quando trazemos o termo inovação para as instituições de saúde, um dos primeiros pensamentos dos gestores é que o investimento deverá ser alto. E muitas vezes esta é a realidade”, afirma. A tecnologia brain4care vai na contramão dessa tendência porque, além de fornecer informação clínica relevante, é uma solução de baixo custo de implementação. Ademais, ao proporcionar decisões mais assertivas em relação ao paciente, contribui, por exemplo, para diminuir o tempo de internação e aumentar o giro de leito do hospital. “É uma tecnologia com impacto positivo para a assistência do paciente e para os negócios das instituições de saúde”, diz.

E as perspectivas de avanço crescem ainda mais com a Inteligência Artificial, destaca Gadelha. De acordo com o especialista, não se trata de substituir o trabalho humano, mas de ser uma ferramenta capaz de reunir todos os dados gerados pelas diversas tecnologias, facilitando a interpretação dessas informações. “A Inteligência Artificial é capaz de fazer cálculos matemáticos em um grande volume de dados, originados de diferentes dispositivos –  do prontuário do paciente, do ventilador mecânico, da bomba de infusão, de monitorizações como a brain4care, de exames de imagem e muito mais. Essa técnica é denominada Inteligência Artificial Multimodal e, acredito ser uma tendência da medicina”, conclui.