As recentes ondas de demissões pelas empresas de tecnologia da informação (TI), em todo o mundo, incluindo as chamadas big techs, têm a ver com reestruturações em prol de maior eficiência, um movimento que começou por causa de um excesso de capacidade na esteira dos desequilíbrios provocados pela pandemia de Covid-19, mas continuou posteriormente. A explicação é do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, que não vê muita influência da inteligência artificial (IA) nos cortes.
– As demissões têm mais a ver com as companhias tentando navegar em meio à pandemia – afirmou o executivo, numa entrevista de pouco mais de 40 minutos ao podcast Morning Brew Daily, que foi ao ar na sexta-feira, dia 16.
Zuckerberg lembrou que, no início, a crise causada pela Covid-19 levou a um boom no comércio eletrônico e nos serviços de TI em geral. Com os negócios bombando, as empresas contrataram mais e mais profissionais.
– Muitas companhias cresceram além da conta. Quando as coisas voltaram a bem próximo do que estavam antes, muitas empresas se deram conta de que não estavam bem financeiramente, porque estavam com excesso de capacidade. Então, tivemos essas ondas de demissões, que estavam basicamente respondendo a isso – afirmou Zuckerberg.
Empresas não conheciam ‘nada além de crescimento’
Segundo o executivo, as empresas de tecnologia, incluindo as big techs, como a Meta, pertencem a uma geração de companhias que “não conheciam nada além de crescimento”. Por isso, a ideia de fazer demissões em massa era “maluca”, essas empresas “nem conseguiam compreender do que se tratava”.
– Mas tivemos que fazer (as demissões). Então, muitas companhias passaram por uma zona em que se deram conta de que, na verdade, as demissões não significaram o fim dos negócios. Foi muito duro, demitimos muita gente talentosa com quem nos importamos, mas, de alguma forma, ficar mais enxuta de certa forma fez as empresas mais eficazes – disse Zuckerberg.
O fundador do Facebook fez a análise ao ser questionado sobre a relação entre as demissões em massa e o acelerado avanço da inteligência artificial (IA). Inicialmente, Zuckerberg adotou um tom otimista em relação aos impactos da nova tecnologia no mercado de trabalho.
Na mesma linha de parte dos pesquisadores que estudam as relações entre tecnologia e emprego, Zuckerberg vê a IA como uma ferramenta com “usos fantásticos que farão nossa vida melhor de tantos jeitos”, liberando, no longo prazo, os trabalhadores de tarefas e empregos dos quais não gostam. O problema estaria no curto prazo, na transição para essa nova realidade.
Regulamentação leve sobre IA e aposta redobrada no metaverso
Perguntado sobre os questionamentos éticos em relação ao uso da IA, Zuckerberg disse que eventuais regulamentações deveriam se concentrar apenas em evitar que uma organização se torne mais avançada e poderosa do que todas as demais.
Zuckerberg tampouco acha que as demissões em massa têm a ver com o fato de a IA ter virado a nova moda no mundo da TI. Pelo menos, não no caso da Meta. Questionado se, por causa do acelerado avanço da IA, a aposta da Meta no chamado “metaverso”, uma das obsessões de Zuckerberg, ficaria em segundo plano, o executivo negou. Segundo ele, a Meta segue investindo nas duas áreas, em torno de US$ 15 bilhões por ano em cada uma delas.
Por Vinicius Neder