Muitas pessoas sonham com o carro próprio, mas comprar um veículo usado ou seminovo pode acabar em dor de cabeça, já que nem sempre é possível saber o passado só de olhar para o automóvel. É para isso que foi criada a Olho no Carro, startup que pretende tirar motoristas de roubadas a partir de consultas veiculares com a placa ou número do chassi.
Com opções gratuita e paga, a startup alcançou a marca de 1 milhão de usuários registrados na plataforma e ampliou o faturamento em 53% em 2023, chegando a R$ 20 milhões. “Há alguns anos, falava-se de crise no mercado veicular por causa do surgimento dos aplicativos de transporte. Mas ter carro é uma cultura muito forte do brasileiro. Ainda é um desejo, tem mais apelo do que a casa própria”, aponta Bárbara Siqueira, COO da empresa.
Dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) indicam que mais de 13 milhões de automóveis usados foram vendidos no Brasil em 2023, um aumento de 9,1% em relação ao ano anterior.
Formada em Gestão de Moda, Siqueira chegou a ter uma marca de roupas, mas após anos na área fez uma transição de carreira e foi trabalhar com o pai, dono de um negócio de informação veicular para empresas, a Checktudo. Foi lá que ela conheceu Yago Almeida, que já tinha vontade de empreender levando o serviço de consulta veicular para pessoas físicas.
“Elas compram o veículo acreditando na palavra dos vendedores, mas eu via que eles compravam carros ruins, sabendo das informações que o cliente não teria acesso. Para o lojista é uma venda, mas para a pessoa física é um sonho que pode dar prejuízo”, diz Almeida, CEO da startup.
Eles estudaram o mercado internacional, principalmente dos Estados Unidos, para chegar a um modelo que funcionasse com o público brasileiro. “Eles têm um lastro de informações diferentes, como acesso a trocas de óleo, por exemplo. Nosso mercado não tem padrão, o que gera insegurança para o consumidor final”, aponta Siqueira. Diego Moura se juntou ao time como CTO.
A startup atua com dois modelos. Na versão gratuita, o acesso é mais restrito: a partir da placa, é possível saber cor, modelo, versão, ano e tabela Fipe atualizada com histórico de variação de preço nos últimos seis meses, além de informações técnicas como consumo de combustível na cidade e na estrada e tamanho do porta-malas.
O preço da consulta paga varia de R$ 9,90 a R$ 59,90, com mais possibilidades, como a verificação sobre se o veículo é item de roubo, se foi clonado, se há alguma restrição judicial ou se participou de leilão. O cliente também fica sabendo o custo de manutenção do veículo e o plano de revisão, mostrando o passo a passo do que se preocupar ao adquirir o carro, com informações sobre recalls e principais problemas do modelo.
Os fundadores dizem que são quatro as fontes de dados: instituições públicas, como os Detrans; privadas; empresas parceiras, que cedem informação com exclusividade; e a base da startup – a Olho no Carro já adquiriu um percentual de duas empresas para ter acesso a seus dados: Suiv e MultasBR. Todo o material fornecido aos usuários é sobre o veículo, sem identificação dos proprietários.
“Somos decisores de compra, mostramos se o veículo é bom para você. A nossa inteligência artificial faz uma comparação do modelo com outros quatro, elencando no que os concorrentes são melhores ou piores”, pontua Almeida. Ele acrescenta que a startup pretende incrementar as informações disponíveis na consulta gratuita, acreditando que os usuários entendem a importância da plataforma e farão o pagamento ainda assim. Em 2023, a Olho no Carro realizou uma média de 800 mil consultas por mês. A maior parte do público (60%) tem entre 24 e 45 anos.
Para 2024, a startup tem planos de fortalecer a atuação no Sul do país e no estado de Minas Gerais, chegando a 5 milhões de downloads. A previsão é aumentar o faturamento em 35% neste ano, saltando para R$ 27 milhões.