Seu filho vai usar inteligência artificial na aula e o Google quer ser a escolha das instituições de ensino para a tarefa
Recentemente, no Bet, evento de educação e tecnologia que aconteceu na Inglaterra, o Google anunciou o lançamento de novos recursos de inteligência artificial (IA) especificamente com foco no ensino básico.
Se a Microsoft continua ganhando a batalha pelos softwares de produtividade nas empresas com o Windows e pacote Office, agora integrando o chatgpt, o Google segue liderando nas escolas com o software de aprendizado Google Classroom, agora integrando novas IAs.
A estratégia do Google com esse produto é a mesma do McDonald’s, conquistar corações desde cedo. A maior parte das escolas podem usar o Google Classroom de graça, e em troca as crianças aprendem a usar o pacote de produtividade da empresa para criar textos, apresentações e planilhas. O objetivo é que continuem usando quando arrumarem um emprego.
Ao longo da última década essa estratégia tem funcionado, o Google tem fortalecido sua presença tanto no software quanto no hardware educacionais. Segundo dados da Futuresource Consulting, de 2019, a participação de mercado da empresa em laptops e tablets para salas de aula do ensino fundamental e médio subiu de 5% para 60% entre 2012 e 2019, tornando o Chromebook o dispositivo mais utilizado por estudantes.
Segundo outra pesquisa da Bloomberg de 2020, no lado do software, o número de usuários do Google Classroom dobrou para 100 milhões nos primeiros meses da pandemia, e o Google Workspace for Education (anteriormente G Suite for Education) passou de 90 milhões para 120 milhões de usuários.
Quando eu dei aulas de matemática no ensino fundamental, lembro que o uso do Google Docs era a norma. Os estudantes usavam naturalmente a função de apresentações colaborativas e o PowerPoint da Microsoft não estava no repertório.
Porém, historicamente, a Microsoft segue dominando ferramentas de produtividade nas empresas, especialmente com o Excel e o PowerPoint. São habilidades ensinadas nas universidades, não apenas porque a Microsoft oferece essas ferramentas de graça para instituições de ensino superior, mas também porque as empresas demandam. Será que o Google consegue inverter esse jogo ensinando as crianças a usar Google Docs?
Seguem tentando…
As novas funcionalidades de IA para o Classroom incluem ferramentas de gerenciamento de sala de aula e recursos de acessibilidade, assim como a utilização de IA para criar questões e planos de aula.
Avaliação
Um dos recursos que mais gostei é o “Practice sets”, que utiliza IA para criar respostas e dicas. Agora disponível em mais de 50 idiomas, essa ferramenta tem o potencial de democratizar o acesso à educação de qualidade, abrangendo uma diversidade linguística impressionante.
Criação de aulas
Outra novidade incrível é o Duet AI, uma ferramenta de IA generativa para o Google Workspace, que ajuda os professores a desenhar as aulas e fazer o planejamento educacional. No Google Slides, dá pra criar aulas com narração.
Personalização
Interessante também é a nova capacidade de formar grupos na sala de aula e distribuir tarefas diferentes a cada um. Atenção mais direcionada às necessidades de aprendizado dos alunos.
Dados
Também lançaram uma função de coleta de assinaturas e novas ferramentas de análises de desempenho dos alunos, como conclusão de tarefas e tendências de notas. Estas ferramentas fornecem insights valiosos que podem ajudar a melhorar a eficácia do ensino.
Acessibilidade
No que diz respeito à acessibilidade, o Google Meet adicionou legendas em 30 idiomas e a capacidade de fixar vários apresentadores, tornando as aulas online mais acessíveis e inclusivas.
Hardwares
E, para complementar, o Google anunciou 15 novos modelos de Chromebooks. E os estudantes agora veem suas tarefas diretamente na tela inicial do computador.
Essa predominância do Google nas escolas e da Microsoft na Universidades, ainda não são usadas de maneira geral, levanta uma questão importante: como podemos equilibrar a influência das ferramentas do Google/Microsoft com a necessidade de familiarizar os estudantes com outras plataformas, se possível locais, que ainda são amplamente usadas no ensino superior e no mercado de trabalho?
Fonte: Exame.