sexta-feira,22 novembro, 2024

Você conhece ‘ghostbot’? Saiba mais sobre clonagem digital de mortos

A existência das inteligências artificiais de texto e voz tem proporcionado usos bastante interessantes. Entre eles, a clonagem de mortos. Filmes, séries e livros de ficção científica, já trouxeram esse conceito, que por muitos foi considerado apenas uma curiosidade ou algo mórbido.

No entanto, a conversa com pessoas que já partiram é uma realidade, cheia de nuances e questões éticas ainda a serem discutidas. Saiba mais sobre clonagem digital, como funciona e quais as possíveis crises éticas envolvidas.

Seu tabuleiro ouija já pode ser aposentado e substituído por uma versão virtual mais elegante.Fonte:  Getty Images 

O que é clonagem digital?

A clonagem digital nada mais é que a recriação de uma personalidade, nesse caso de uma pessoa que de fato existe, ou existiu, através do uso da inteligência artificial. A IA é alimentada com dados de mensagens de texto, cartas, áudios, imagens (vídeo e fotografia) e programada para responder a perguntas simples.

Sendo assim, a comunicação com os mortos não é uma ligação direta para o além, mas o contato com um arremedo de personalidade capturado por uma IA programada especialmente para você.

Quanto maior a quantidade de dados, melhores serão as respostas da IA. Fonte:  Getty Images 

Usuários que testaram ghostbots como Replika, YOV e o Project December, dizem ter experimentados sensações ambíguas em relação ao uso das plataformas.

Para alguns, poder trocar algumas palavras, ouvir a voz, relembrar o rosto e até receber alguns conselhos, foi uma experiência acalentadora. No entanto, será que quem já partiu gostaria de ser mantido em uma réplica digital limitada?

A ética da ressurreição digital

A Faculdade de Direito da Universidade Nacional de Seul realizou uma pesquisa sobre ética de clonagem digital e respeito a diretivas antecipadas de vontade. Foi apresentado a 222 jovens americanos o caso de uma jovem hipotética de 20 anos, que faleceu em um acidente de carro. Os familiares estariam em um embate sobre recriarem ou não a personalidade da mulher em um ghostbot.

Quanto questionados sobre o quanto seria ético realizar essa ressurreição digital, sem o consentimento ou desejo expresso previamente pela falecida, apenas 3% consideram não haver problemas.

Em contrapartida, quando informados de que a falecida havia consentido com a clonagem digital, 58% dos entrevistados se mostraram favoráveis ao plano. Os dados mostram não apenas questões sobre como lidados com a morte, mas também sobre o respeito que temos em relação aos desejos dos que já partiram.  Mas há ainda outro problema que é, a clonagem em vida.

Dos pesquisados, 97% consideram ser uma situação problemática e não concordaram com a clonagem digital.Fonte:  Getty Images 

As IAs e suas empresas desenvolvedoras não possuem um filtro ou averiguação para saber se a personalidade que está sendo programada é de alguém vivo ou morto, sendo assim, qualquer pessoa poderia ser digitalmente clonada.

As questões éticas e limites para que essa tecnologia possa ser bem empregada já vem sendo discutidas nos meios acadêmicos, devido à sua ambiguidade em relação aos usos e efeitos nos usuários.

Essa não será uma tarefa simples e ainda existe um longo caminho a percorrer, no entanto, isso necessita de atenção e resolubilidade, pois a cada momento a tecnologia se aprimora e as consequências do mau uso podem ser difíceis de serem revertidas.

Que saber mais sobre tecnologia e vida após a morte? Então, entenda o caso do bilionário quer ser congelado por criogenia após sua morte. Para mais assuntos sobre ciência e tecnologia, continue acompanhando o TecMundo.

Fonte: TecMundo

Redação
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