A existência das inteligências artificiais de texto e voz tem proporcionado usos bastante interessantes. Entre eles, a clonagem de mortos. Filmes, séries e livros de ficção científica, já trouxeram esse conceito, que por muitos foi considerado apenas uma curiosidade ou algo mórbido.
No entanto, a conversa com pessoas que já partiram é uma realidade, cheia de nuances e questões éticas ainda a serem discutidas. Saiba mais sobre clonagem digital, como funciona e quais as possíveis crises éticas envolvidas.
O que é clonagem digital?
A clonagem digital nada mais é que a recriação de uma personalidade, nesse caso de uma pessoa que de fato existe, ou existiu, através do uso da inteligência artificial. A IA é alimentada com dados de mensagens de texto, cartas, áudios, imagens (vídeo e fotografia) e programada para responder a perguntas simples.
Sendo assim, a comunicação com os mortos não é uma ligação direta para o além, mas o contato com um arremedo de personalidade capturado por uma IA programada especialmente para você.
Usuários que testaram ghostbots como Replika, YOV e o Project December, dizem ter experimentados sensações ambíguas em relação ao uso das plataformas.
Para alguns, poder trocar algumas palavras, ouvir a voz, relembrar o rosto e até receber alguns conselhos, foi uma experiência acalentadora. No entanto, será que quem já partiu gostaria de ser mantido em uma réplica digital limitada?
A ética da ressurreição digital
A Faculdade de Direito da Universidade Nacional de Seul realizou uma pesquisa sobre ética de clonagem digital e respeito a diretivas antecipadas de vontade. Foi apresentado a 222 jovens americanos o caso de uma jovem hipotética de 20 anos, que faleceu em um acidente de carro. Os familiares estariam em um embate sobre recriarem ou não a personalidade da mulher em um ghostbot.
Quanto questionados sobre o quanto seria ético realizar essa ressurreição digital, sem o consentimento ou desejo expresso previamente pela falecida, apenas 3% consideram não haver problemas.
Em contrapartida, quando informados de que a falecida havia consentido com a clonagem digital, 58% dos entrevistados se mostraram favoráveis ao plano. Os dados mostram não apenas questões sobre como lidados com a morte, mas também sobre o respeito que temos em relação aos desejos dos que já partiram. Mas há ainda outro problema que é, a clonagem em vida.
As IAs e suas empresas desenvolvedoras não possuem um filtro ou averiguação para saber se a personalidade que está sendo programada é de alguém vivo ou morto, sendo assim, qualquer pessoa poderia ser digitalmente clonada.
As questões éticas e limites para que essa tecnologia possa ser bem empregada já vem sendo discutidas nos meios acadêmicos, devido à sua ambiguidade em relação aos usos e efeitos nos usuários.
Essa não será uma tarefa simples e ainda existe um longo caminho a percorrer, no entanto, isso necessita de atenção e resolubilidade, pois a cada momento a tecnologia se aprimora e as consequências do mau uso podem ser difíceis de serem revertidas.
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Fonte: TecMundo