O avião eVTOL da startup Sirius Aviation AG promete alcance de 1,8 mil km e velocidade máxima de 520 km/h, mas precisa sair do papel
A startup suíça Sirius Aviation AG promete que o Sirius Jet voará até 1,8 mil quilômetros a velocidades de até 520 km/h com um trem de força a hidrogênio líquido. Ele é um eVTOL – ou seja, decola verticalmente – com um sistema de empuxo vetorial desviado com 20 ventiladores elétricos de tamanho modesto.
Para quem tem pressa:
- A startup suíça Sirius Aviation AG anunciou o Sirius Jet, um eVTOL (veículo elétrico de decolagem e aterrissagem vertical) movido a hidrogênio líquido. O jatinho promete voar até 1,8 mil km a 520 km/h;
- O Sirius Jet tem dois modelos: o Business, com três passageiros e alcance de quase dois mil quilômetros, e o Millennium, com cinco passageiros e alcance de 1.046 km;
- A viabilidade do projeto é desafiadora, considerando os custos e complexidades de design, prototipagem, testes e certificação. O uso de pequenos ventiladores no sistema de empuxo pode ser ineficiente e o trem de força a hidrogênio líquido ainda é uma tecnologia em estágio inicial de desenvolvimento;
- Mais de 100 engenheiros trabalharam no projeto desde 2021, com voos demonstrativos previstos para 2025. A Sirius já iniciou o processo de certificação com a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA, com entregas comerciais e voos de curta distância agendados para 2028.
A empresa informou que uma equipe de mais de 100 engenheiros “trabalhou intensamente” na pesquisa e desenvolvimento deste projeto desde 2021. Os primeiros voos demonstrativos do jatinho estão agendados para 2025.
A Sirius acrescentou que deu início ao processo de certificação na Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA. A conclusão da certificação, bem como entregas comerciais e voos de shuttle (de curta distância), estão planejados para 2028.
Raio-x do Sirius Jet
O Sirius Jet usa hidrogênio para armazenamento de energia, com 20 ventiladores – cada um com 30 centímetros de diâmetro, ao longo de suas asas laterais e canards (asas na frente).
A versão Business, com capacidade de três passageiros, é a que oferece os quase dois mil quilômetros de alcance. Já a Millennium – focada no comércio e com capacidade de cinco passageiros – desloca o espaço de tanques de hidrogênio para assentos, o que reduz seu alcance para 1.046 km.
Assim, o eVTOL entra na disputa por rotas como:
- De Los Angeles a São Francisco (EUA);
- De Londres (Inglaterra) a Berlim (Alemanha);
- De Melbourne a Sydney (na Austrália);
- De Pequim (China) a Seul (Coreia do Sul).
Quão provável é que aconteça? Para começar, o processo para essas aeronaves eVTOL passarem por design, prototipagem, testes, certificação e fabricação em massa é caro e complicado. Até certo ponto, a primeira onda de empresas eVTOL pode ter suavizado o caminho para as próximas, mas ainda é desafiador. E a Sirius acrescenta complicações a esse processo, segundo o New Atlas.
Complicações do jatinho
A complicação menor é o sistema de empuxo desviado com ventiladores pequenos, que parece uma receita para desperdiçar energia. É que pequenos ventiladores com alta carga são muito menos eficientes em operações VTOL e pairamento do que hélices e rotores maiores usados na maioria dos designs de “táxis voadores”.
Por um lado, sistemas de empuxo desviado podem reduzir a complexidade da estrutura aérea. Por outro, também reduzem a eficiência e exigem que a aeronave incline para trás num “wheelie” bastante decente durante a decolagem e aterrissagem.
A complicação maior é o trem de força a hidrogênio líquido. O uso de hidrogênio é um caminho promissor para a aviação limpa de alcance curto e regional. Empresas se empenham para desenvolver e certificar trens de força de hidrogênio com qualidade aeronáutica. Aviões de teste voam com hidrogênio. Mas continua sendo uma tecnologia de ponta que ninguém ainda certificou ou colocou em uso comercial.
Além disso, o cenário descrito vale para hidrogênio gasoso. A Sirius propõe o uso de hidrogênio líquido, que carrega quantidade impressionante de energia, adequada para voos de longo alcance. Porém, ele precisa ser mantido abaixo de 250º C negativos em todas as fases de distribuição, abastecimento e voo.
Contexto e próximos passos
Enquanto empresas concorrentes se associam a especialistas em baterias, a Sirius desenvolve seu próprio trem de força de hidrogênio líquido em paralelo aos trabalhos para fabricar estrutura aérea e aeronave totalmente integrada. Isso sem levar em conta o abastecimento, distribuição e logística em torno deste combustível da próxima geração da aviação.
Portanto, o Sirius Jet é um projeto ambicioso que vai exigir muito trabalho e investimento para honrar os cronogramas e objetivos divulgados pela Sirius. Se a empresa encontrar os investidores certos, com apetite para colocar fundos enormes sem esperar retornos no curto prazo, o Sirius Jet pode sair do papel para, enfim, decolar. Literalmente.
Fonte: Olhar Digital