Inteligência artificial, tratamento de genes e bombas de calor são as mais aguardadas
Em mais uma edição de seu relatório que elenca as tecnologias que terão destaque durante o ano, a MIT Technology Review selecionou as novidades que devem ter impacto real em 2024.
Nesta edição, a instituição retomou a discussão em torno da inteligência artificial generativa, que teve adoção em tempo recorde durante o ano passado. O movimento começou com o ChatGPT, no final de 2022, mas logo foi acompanhado por ferramentas de outras empresas, como o Bard, do Google.
A análise do relatório é de que todo esse processo foi positivo — apesar de erros iniciais –, mas que o brilho sobre os sistemas generativos está diminuindo. Não quer dizer, porém, que a inteligência artificial de forma ampla esteja perdendo sua força.
Pelo contrário, conforme avalia André Miceli, CEO da MIT Technology Review no Brasil: “Essa é uma tecnologia que vai transformar praticamente todos os aspectos da vida cotidiana, dos negócios, de tudo.”
Veja a seguir as 10 tecnologias em destaque, segundo a publicação:
1. Inteligência Artificial para tudo
Legado do ano passado, o uso da inteligência artificial deve se espalhar por outras áreas em 2024, fixando seu espaço na sociedade. Este deve ser um ano também para entender as implicações do uso da tecnologia e os impactos que ela deixará.
Empresas que já desenvolvem a tecnologia: Google, Meta, Microsoft e OpenAI.
2. O primeiro tratamento de edição de genes
Desde o ano passado, a publicação aposta na edição de genes como plataforma tecnológica em evolução. O CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) é uma técnica de edição genética que começou a ser desenvolvida 11 anos atrás e que pode ser a solução para diversas doenças e condições médicas. Só agora recentemente ele chegou às clínicas, tendo curado pela primeira vez pacientes que sofriam de anemia falciforme.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: CRISPR Therapeutics, Editas Medicine, Precision BioSciences, Vertex Pharmaceuticals.
3. Bombas de calor
Mesmo usadas desde o século 20, as bombas de calor representam um progresso em relação à descarbonização de casas e indústrias. Diferentes das antigas, baseadas em combustíveis fósseis, as modernas utilizam energia elétrica para resfriar e aquecer ambientes. Por isso, abrem caminho para a redução de emissões neste setor.
A estimativa é que elas diminuam até 500 milhões de toneladas de emissões globais por ano até 2030. O número, porém, só deve se concretizar caso o total de bombas instaladas alcance a marca dos 600 milhões.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Daikin, Mitsubishi e Viessmann.
4. Os assassinos do Twitter
Depois da compra por Elon Musk, o Twitter perdeu quase 20% do seu tráfego, deixando espaço para que concorrentes pegassem o público que frequenta microblogs. Foi assim que surgiu o Threads, da Meta, que conseguiu conquistar bons números de cadastros já nos dias seguintes ao lançamento. “Mesmo que a concorrência ganhe espaço, uma coisa fica nítida: o verdadeiro assassino do Twitter é Elon Musk”, diz a publicação.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Bluesky, Discord, Mastodon, Nostr e Threads.
5. Sistemas geotérmicos aprimorados
O calor geotérmico é uma fonte de energia isenta de carbono que aparece como uma alternativa aos combustíveis fósseis. No entanto, por requerer condições geológicas específicas, atualmente representa menos de 1% da capacidade global de energias renováveis.
Ainda que sistemas geotérmicos aprimorados estejam sendo desenvolvidos desde a década de 1970, foram os avanços mais recentes que mostraram aos cientistas que a produção desta energia pode aumentar drasticamente, com o uso de técnicas de fraturação hidráulica para abrir rochas relativamente sólidas em profundidades cada vez maiores.
Com isso, locais que anteriormente eram vistos como inviáveis para esse tipo de exploração passam a ter cada vez mais potencial. Muitos projetos ainda estão em suas fases iniciais, mas fica perceptível que este é um assunto quente no mundo da energia.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: AltaRock Energy, Fervo Energy e Utah FORGE lab.
6. Medicamentos para a perda de peso
Quando se trata de medicamentos, nos últimos meses só se ouviu falar em Ozempic, da Novo Nordisk, usado no tratamento de diabetes e para perda de peso. Essa classe de medicamentos simula um hormônio que o intestino humano libera após a alimentação, portanto, atua na sensação de saciedade e inibe o apetite.
Com a procura aumentando, outras versões devem surgir e novos candidatos ao medicamento do ano vão aparecer. Em 2024, mais empresas entram em fases finais de testes e buscam aprovação para a comercialização dos produtos desenvolvidos.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Eli Lilly, Novartis, Novo Nordisk, Pfizer e Viking Therapeutics.
7. Chiplets
Dado o avanço tecnológico, os fabricantes de chips ainda estão estudando a melhor forma de equilibrar os custos e o desempenho dos materiais. A saída mais recente foi a adoção de um padrão de código aberto chamado Universal Chiplet Interconnect Express, que, em teoria, pode facilitar a combinação de chiplets fabricados por diferentes empresas e, consequentemente, causar mudanças dentro deste mercado.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Advanced Micro Devices, Intel e Universal Chiplet Interconnect Express.
8. Células solares super eficientes
No ano passado, a produção de energia solar bateu recordes no Brasil e no mundo, acelerando a adoção de fontes sustentáveis. O mercado agora trabalha em uma tecnologia solar de nova geração, baseada no silício e em perovskita, que absorve comprimentos de onda luminosa diferentes daqueles absorvidos pelo silício. As novas células são capazes de produzir uma quantidade maior de eletricidade a um custo inferior.
Mas há um porém: a perovskita é um material mais sensível, que está sujeito a degradação pela água e pelo calor. Nesse sentido, pesquisadores estão trabalhando para deixar as novas células solares mais robustas e duradouras. Ainda assim, as perspectivas são positivas.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Beyond Silicon, Caelux, First Solar, Hanwha, Q Cells, Oxford PV, Swift Solar e Tandem PV.
9. Apple Vision Pro
A história está repleta de gadgets faciais que não fizeram sucesso, como o Google Glass, o Microsoft HoloLens e até mesmo o Meta Quest. No entanto, a Apple já divulgou que tentará conquistar o seu espaço neste mercado e, ainda em 2024, deverá lançar o Vision Pro, seu primeiro headset de realidade mista.
A empresa norte-americana revelou o “computador espacial” em junho, em seu evento anual para desenvolvedores, apresentando o Vision Pro como a melhor maneira de assistir a filmes, tirar fotos, conectar-se com outras pessoas e, até mesmo, ler e criar. O sucesso comercial deste produto ainda está em aberto — especialmente considerando o preço de US$ 3.499. Porém, é indiscutível o seu caráter inovador e o fato de que ele terá uma tela radicalmente melhor que qualquer outra anterior.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Apple.
10. Computação em exoescala
Construir computadores cada vez mais rápidos é um dos objetivos centrais da indústria para os próximos anos. Nos Estados Unidos, duas super máquinas com capacidade para ter o dobro de velocidade do Frontier — considerado o mais veloz do mundo — estão sendo montadas. Até o final do ano, espera-se que o Júpiter, primeiro supercomputador exoescala da Europa, já esteja online.
Todos esses avanços animam os cientistas, mas levantam uma nova questão: a pegada energética. O próximo passo será entender como construir esses supercomputadores não apenas pautados em incríveis velocidades, mas também na sustentabilidade ambiental.
Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Oak Ridge National Lab, Jülich Supercomputing Centre, China’s Supercomputing Center in Wuxi
Fonte: Época Negócios