A alegação é que as autoridades estão “desperdiçando ilegalmente” um bem público e indo contra as leis que visam melhorar a captura sustentável de peixes

Reino Unido, União Europeia e Noruega negociam todos os anos limites de captura para espécies de peixes comerciais partilhadas para o ano seguinte. Neste processo, são aconselhados pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (GELOS, na sigla em inglês) sobre qual nível é sustentável. Porém, este mês, pelo terceiro ano consecutivo, os governantes concordaram em estabelecer pelo menos metade dos limites acima dos pareceres científicos, o que, para a Blue Marine Foundation, significa luz verde para a sobrepesca, informa o The Guardian.

Diante deste cenário, a instituição entrará com uma contestação legal nos tribunais britânicos. A alegação é que as autoridades estão “desperdiçando ilegalmente” um bem público e indo contra as leis que visam melhorar a pesca sustentável.

Segundo Mark Spencer, ministro das Pescas do Reino Unido, os pareceres científicos informaram acordos que estabelecem 70 limites de captura para as unidades populacionais de peixes no Mar do Norte e no Nordeste do Atlântico.

Mas os ambientalistas criticam essa ação. “Por quanto tempo o público britânico, a indústria pesqueira ou o Tesouro pretendem tolerar que os ministros do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA, na sigla em inglês) violem rotineiramente, alegremente e dissimuladamente as suas próprias leis pós-Brexit? Quem vai desafiá-los? Alguém deveria e estamos preparados para fazê-lo no interesse nacional”, observou Charles Clover, cofundador da Blue Marine.

Espécies ameaçadas

O The Guardian destaca quem em 2021, mais de 65% dos limites de captura excederam o parecer científico independente do GELOS. Em 2022, ficaram 57% acima. Este ano, “estimativa provisória” do DEFRA indicou que o mesmo número de unidades populacionais geridas em conjunto foi definido em linha ou inferior aos pareceres científicos do ano passado.

Entre as populações de peixes, os conservacionistas enfatizam que estão espécies que eles consideram que não deveriam ser pescadas, incluindo duas novas em risco, o escamudo dos mares do Canal e do Mar Céltico e o linguado do mar da Irlanda.

O acordo entre Reino Unido, UE e Noruega para 2024 resultará em 750.000 toneladas de possibilidades de pesca, no valor de 970 milhões de libras (aproximadamente R$ 5,9 bilhões) para o Reino Unido.

Texto: Um só Planeta