Geração Alfa, dos nascidos a partir de 2010, já é ultra conectada e pode mudar a relação entre pais e filhos

A popularização da tecnologia provocou mudanças em todos os âmbitos, inclusive na forma como as famílias “funcionam”. Se antes o modelo tradicional baseava-se nos pais transmitindo conteúdos para os filhos, a facilidade de acesso às redes sociais e à internet, entre outros fatores, pode provocar uma socialização reversa, em que os filhos ensinam os pais. A tendência foi observada em um estudo da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP.

Socialização reversa

De acordo com Murilo Lima Araújo, pesquisador responsável, que conversou com o Jornal da USP, a socialização reversa acontece quando os filhos adquirem mais conhecimento do que os pais, gerando neles o interesse de aprender junto.

Para ele, esse fenômeno já acontece há algumas décadas, mudando o papel da criança no contexto familiar em relação a gerações anteriores.

Araújo cita que alguns dos motivos para isso são as políticas garantidoras de educação e o aceso à tecnologia.

Como o estudo foi realizado

  • Para analisar esse fenômeno, o pesquisador focou em pessoas que nasceram a partir de 2010, a chamada Geração Alfa.
  • Essa geração é caracterizada por um elevado potencial cognitivo devido à socialização em um ambiente de altos estímulos, principalmente por causa da revolução digital.
  • Então, em uma primeira etapa, o pesquisador coletou desenhos feitos por crianças de 7 a 11 anos em uma escola estadual e entrevistou as famílias.
  • Depois, a segunda etapa foi a análise de dados através da triangulação das duas coletas anteriores.

Mudanças na família graças à tecnologia

O estudo observou que a tecnologia é uma das principais responsáveis pela socialização reversa. Outros fatores são a escola e o estilo parental, que foi de famílias mais rígidas para estilos de criação mais abertos.

Ainda, a pesquisa mostra que essa mudança na socialização é colocada em prática no que se refere a consumo de eletrônicos e roupas, atitudes pró-ambientais, atividade física, relações interpessoais e inteligência emocional.

Com essas descobertas, a intenção é tomar ações educacionais para diminuir a lacuna entre gerações e também refletir sobre a educação das crianças.

Texto: Vitoria Lopes Gomez