Essa descoberta envolveu uma vara de madeira, um sol a pino e a inteligência de um grego

Para a tristeza de muitos, a Terra felizmente não é plana. Nosso amado planeta gira pelo espaço a uma velocidade média de 1.666 km/h. No entanto, a notícia de que nosso planeta é redondo não é nova, já que a primeira medição da circunferência da Terra aconteceu há mais de dois mil anos na Grécia. E, pelo incrível que pareça, foi extremamente precisa. Mas, quem foi o responsável por essa descoberta?

Para falar da história da medição da circunferência da Terra, precisamos voltar nossos olhos para a antiguidade. Na Grécia do século III a.C., onde um filósofo, matemático e astrônomo chamado Eratóstenes percebeu um fenômeno interessante. O grego, que vivia na cidade de Siena (atualmente Aswan, no Egito), percebeu que, ao meio-dia, os raios solares incidiam diretamente sobre um poço, sem criar sombras.

Eratóstenes resolveu, então, testar se a sombra era diferente em outro ponto do mapa. Para tal, ele mediu a sombra projetada por uma vara fincada no chão em Siena. Depois, ele viajou para Alexandria (1.000 km ao norte) exatamente um ano depois, nos exatos dia e hora, para medir a sombra projetada pela vara no chão. Utilizando a diferença nos ângulos e a distância entre as duas cidades, Eratóstenes calculou a circunferência da Terra com notável precisão.

Eratóstenes calculou que a circunferência da terra era de aproximadamente 39.375 quilômetros. A circunferência média da Terra, conforme determinada por medições mais recentes, é de aproximadamente 40.075 quilômetros. Ou seja, o filósofo grego mediu a circunferência do nosso planeta, com um desvio de apenas 700 quilômetros.

Porém, Eratóstenes não foi o único a medir esse valor. Na verdade, ao longo dos séculos e milênios seguintes, avanços tecnológicos aprimoraram as medições da circunferência terrestre. Durante a Idade Média e o Renascimento, os navegadores, como Fernão de Magalhães, contribuíram com observações astronômicas e cálculos trigonométricos para refinar a estimativa do pioneiro grego.

Entre os grandes navegadores que contribuíram para o cálculo, estava Charles Marie de La Condamine (1735-1743). Ele liderou a “Missão Geodésica Francesa no Equador”, que usou uma abordagem mais detalhada para medir a circunferência do planeta. O método escolhido por ele foi a triangulação, cuja linha de base foi no Equador e, a partir dali, estabeleceu uma série de triângulos ao longo do meridiano.

Ao medir a latitude de pontos específicos ao longo da linha do Equador e determinar os graus de meridiano, os franceses conseguiram calcular com precisão a circunferência terrestre na região equatorial. A Missão Geodésica Francesa no Equador foi importante não somente para o cálculo da circunferência da Terra, pois o resultado de suas medições ajudou também a estabelecer a forma geodésica do nosso planeta próximo ao Equador. Fornecendo dados preciosos para a produção de mapas e cartas náuticas da época – o que, por sua vez, auxiliou o fluxo de navios ao redor do globo.

Muitos outros cientistas ao longo da história contribuíram com cálculos mais precisos, graças aos avanços tecnológicos. Hoje, com a ajuda de satélites e sistemas de posicionamento, calcular a circunferência da Terra se tornou mais preciso, mas, é preciso reconhecer que nada disso seria possível se dois mil anos atrás Eratóstenes não tivesse reparado na sombra de um poço ao meio-dia.

Texto: João Velozo