Profissionais que se sentem obrigados a trabalhar horas extras são, na verdade, 20% menos produtivos do que aqueles que param de trabalhar no final do horário padrão, indica levantamento realizado pelo Slack

Pode parecer inofensivo ficar algumas horas depois do expediente para concluir tarefas, mas uma pesquisa do Slack descobriu que, na verdade, o efeito de trabalhar horas extras é o contrário. Segundo o Índice de Força de Trabalho do Slackmais de um terço dos funcionários administrativos estão conectados fora do horário padrão da empresa, e mais da metade disse que é porque se sentem pressionados e não porque realmente querem.

No entanto, aqueles que se sentem obrigados a trabalhar horas extras são, na verdade, 20% menos produtivos do que aqueles que param de trabalhar no final do seu dia de trabalho padrão, muitas vezes das 9h às 17h, descobriu a pesquisa. A plataforma entrevistou 10.333 trabalhadores administrativos em tempo integral nos EUA, Austrália, França, Alemanha, Japão e Reino Unido entre 24 de agosto e 15 de setembro de 2023.

O motivo mais comum citado pelas pessoas que trabalham fora do expediente é “não ter tempo suficiente durante o dia”. Esses funcionários também relataram 2,1 vezes mais estresse relacionado ao trabalho, 1,7 vezes menos satisfação com o ambiente de trabalho e duas vezes mais esgotamento.

Eles também têm 50% mais probabilidade de dizer que têm muitas prioridades concorrentes. Para muitos trabalhadores, uma grande parte do dia de trabalho é ocupada por reuniões — um em cada quatro trabalhadores disse que passa muito tempo em reuniões. Essas pessoas têm duas vezes mais probabilidade de sentir que não têm tempo suficiente para se concentrar, descobriu a pesquisa.

Excesso de trabalho x quiet quitting

Em entrevista ao Business Insider, Jonathan Malesic, autor de “The End of Burnout” (O fim do burnout, em português), disse que a cultura de trabalho norte-americana idealiza o excesso de trabalho porque sintomas como o esgotamento são usados ​​como uma medalha de honra. “Se você diz que está exausto do trabalho, então está dizendo que é um bom trabalhador”.

Apesar disso, a pandemia também trouxe algumas grandes mudanças e novas tendências no ambiente corporativo. Uma delas, e que vai na contramão do excesso de trabalho, é o “quiet quitting”, ou demissão silenciosa, que surgiu no ano passado e tornou-se um fenômeno global, incentivando os trabalhadores a fazer o mínimo no trabalho e a dar prioridade a outras coisas.

Um relatório Gallup de 2023 descobriu que 59% dos trabalhadores em 160 países estavam se demitindo silenciosamente devido a elevados níveis de estresse, lembra o Insider.

Texto: Louise Bragado, Época NEGÓCIOS