86% dos executivos acreditam que a inteligência artificial é fundamental para a competitividade das empresas no futuro
Mesmo que a inteligência artificial generativa esteja em mais evidência, há muito espaço para crescimento e desenvolvimento da IA como um todo no Brasil. “Ainda estamos em um estágio incipiente de adoção [dessa tecnologia] no Brasil”, afirma Fabrício Fudissaku, CEO do instituto de pesquisa e big data Data-Makers.
Para compreender como as lideranças se relacionam com o tema, o Data-Makers, em parceria com a agência de relações públicas CDN, realizou a pesquisa “Transformação Digital e Líderes de Negócios”. O levantamento contou com a participação de 373 lideranças, entre CEOs e executivos C-level de diferentes segmentos.
“Sem dúvida, o hype da IA generativa ajudou a aumentar o interesse no tema. Porém, para além do hype, temos motivos para acreditar que essa é uma tendência com poder de transformação nos negócios”, afirma o CEO do Data-Makers.
A AUTOMAÇÃO DOS PROCESSOS GERA UM RESULTADO IMEDIATO E CONCRETO PARA A ORGANIZAÇÃO, PROVANDO O SEU VALOR PARA A LIDERANÇA.
Esse panorama é confirmado pelas respostas dos executivos. 44% acham que a IA é subestimada e admitem que o desempenho de suas empresas é razoável (35%) ou ruim (30%) quando o assunto é inteligência artificial. Em comparação com o mercado, a maior parte (44%) avalia que suas companhias estão dentro da média ou abaixo (39%) dela.
Segundo o levantamento, 86% dos executivos acreditam que a IA é fundamental para a competitividade de sua companhia no futuro. Mais da metade (52%) dos entrevistados concordam em algum nível com a afirmação “inteligência artificial é uma prioridade para minha empresa”, enquanto 23% discordam e 25% se mantiveram neutros.
DESAFIOS E INVESTIMENTOS
Pouco menos da metade dos entrevistados (48%) acreditam que há escassez de pessoas preparadas para atender a área de inteligência artificial. Quatro em cada 10 acham que o déficit de conhecimento também é um grande empecilho.
Além disso, os entrevistados apontam como desafios o pouco preparo da própria liderança (37%), limitação de recursos financeiros (26%) e falta de confiança na inteligência artificial e suas implicações éticas (22%).
“A IA tem enorme eficiência na captura e organização de dados. Em certos casos, oferece insights relevantes. É à inteligência humana, porém, que cabe a análise, o planejamento estratégico e a tomada de decisões”, afirma Fernanda Dantas, head de digital e inteligência de dados da CDN. “Essas são tarefas que exigem criatividade e entendimento de contexto – características humanas.”
INVESTIMENTO EM IA NAS EMPRESAS
A pesquisa aponta que 44% dos executivos entrevistados pretendem elevar o investimento em IA nos próximos 12 meses. Cerca de um terço (35%) vão manter o nível e 18% ainda não sabem.
Os investimentos serão direcionados principalmente para automação de processos (32%), apoio para tomada de decisão (29%), desenvolvimento de novos produtos (25%), processos de marketing e vendas (24%) e atendimento ao consumidor (23%).
OS DESAFIOS APONTADOS SÃO O POUCO PREPARO DA PRÓPRIA LIDERANÇA, LIMITAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS E FALTA DE CONFIANÇA NA IA E SUAS IMPLICAÇÕES ÉTICAS.
Para Fudissaku, a automação dos processos gera um resultado imediato e concreto para a organização, provando o seu valor para a liderança. Isso leva a um caminho sem volta na busca por eficiência e otimização de tempo, energia e recursos.
O CEO do Data-Makers recomenda que executivos e empresas olhem a IA por duas frentes: primeiro, para o que a empresa já faz hoje, com objetivo de identificar como a tecnologia pode, de fato, beneficiar o negócio. Ou seja, o que é possível fazer mais rápido, mais fácil e melhor.
O segundo ponto é olhar para o planejamento estratégico da organização, para onde ela quer chegar, buscando entender como a IA pode ajudar a atingir objetivos pré-estabelecidos.
“Com essa abordagem, fica mais fácil fazer com que a IA seja uma ferramenta que atua em prol da empresa, e não um fim em si própria”, diz Fudissaku.
Texto: Rafael Teixeira Farias