Mesmo em empresas com uma cultura saudável, conflitos internos são inevitáveis. Veja como encará-los de frente e avançar de maneira produtiva

Até empresas com ótima cultura experimentam conflitos internos de vez em quando – seja um colega que vive ultrapassando os limites ou um chefe que discorda sobre como as tarefas devem ser realizadas. De acordo com uma pesquisa de 2023 da plataforma de software de gestão ZipDo, 85% dos funcionários enfrentam conflitos no trabalho.

Embora disputas e discordâncias não resolvidas possam impactar significativamente o sucesso financeiro e a estabilidade de uma empresa, o conflito é importante, afirma Lisa Danels, palestrante e coach especializada em motivação.

“O conflito é o atrito necessário em relacionamentos e instituições para fazer as coisas avançarem”, diz ela. “Sem conflito, podemos estagnar rapidamente e ficar presos em nossas visões de mundo ou perspectivas.”

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A chave é não varrer tudo para debaixo do tapete, diz Jennifer Barnes, CEO da Optima Office, empresa de serviços de contabilidade e RH. “As coisas tendem a se acumular e alguém pode simplesmente explodir com o tempo. Quanto mais você aborda um problema em tempo real, mais rápido pode chegar a uma solução.”

Encarar o conflito de frente requer uma mudança de mentalidade, focando nos resultados positivos que podem ocorrer quando você dedica tempo a eles. Veja como abordar uma situação difícil:

1. Prepare-se para a conversa

Em vez de se concentrar apenas no que motivou o conflito, dê um passo para trás e faça a si mesmo estas cinco perguntas, que ajudarão você a processar suas próprias emoções primeiro: o que eu quero dessa situação? O que realmente me incomoda nesse conflito? O que tenho medo de perder? Como meus valores estão sendo honrados ou desrespeitados? Como eu gostaria que esse conflito fosse resolvido?

O CONFLITO É O ATRITO NECESSÁRIO EM RELACIONAMENTOS E INSTITUIÇÕES PARA FAZER AS COISAS AVANÇAREM.

Depois, tente ver as coisas do ponto de vista da outra pessoa antes de conversar com ela, mudando sua perspectiva e exercitando a compaixão. Danels sugere perguntar a si mesmo: “quais necessidades essa pessoa tem que eu posso ter negligenciado? Como ela se sente em relação à situação? O que ela está com medo de perder? Como ela vê a situação de forma diferente? Quais certezas ela tem sobre a situação?”

2. Reveja sua mentalidade

Assuma sempre uma intenção positiva. “Toda vez que começamos a presumir que o outro fez algo de propósito, o problema piora”, diz Barnes. “Se você puder presumir uma intenção positiva, pode perceber que a pessoa não quis fazer aquilo ou que foi um mal-entendido.”

Além de ter uma mente aberta, tenha um coração aberto. “Isso requer que você seja vulnerável e declare que o conflito o deixa desconfortável, mas que há um desejo profundo de resolvê-lo”, diz ela. “Isso automaticamente abre espaço para se explorar a situação.”

3. Tome a iniciativa

Só porque você está disposto a abraçar o conflito não significa que a outra pessoa o fará. Se alguém estiver resistente, é importante ser firme.

Mas, em vez de apontar o dedo, presumir ou tirar conclusões e colocar o outro na defensiva, faça perguntas que cheguem ao “porquê” da situação. Por exemplo, em vez de dizer “por que você fez isso?”, diga “você pode me ajudar a entender qual foi o seu pensamento?”

TENTE VER AS COISAS DO PONTO DE VISTA DA OUTRA PESSOA, MUDANDO SUA PERSPECTIVA E EXERCITANDO A COMPAIXÃO.

Barnes observa que “é uma questão de lidar com o problema de maneira diferente, porque estamos colocando pessoas que podem não gostar de brigar em uma posição na qual elas precisam encarar um pouco de confronto.”

À medida que a outra pessoa se abre, ouça o que ela tem a dizer, aconselha Danels. “Escute além das palavras e veja como a pessoa se sente. Certifique-se de reproduzir o que ela expressou, compartilhando a experiência e os sentimentos da outra pessoa.”

A seguir, expresse suas próprias necessidades e sentimentos. “Se você sentir que seus valores foram desrespeitados, deve expressar isso”, diz Danels. “Depois que houver uma compreensão clara de por que o conflito surgiu e ambos se sentirem ouvidos, podemos começar a encontrar saídas.”

4. Encontre uma solução

Para encerrar o conflito, ambos os lados precisam concordar com uma solução. Às vezes, isso pode significar apenas ouvir a outra pessoa. Em outras situações, será necessário trocar ideias sobre como seguir em frente, verificando se as ações ou comportamentos parecem satisfatórios.

Encontrar um compromisso e um terreno comum ajudará a evitar futuros conflitos, porque vocês entenderão melhor as necessidades um do outro. Isso também cria uma cultura mais colaborativa, cuidadosa e responsável.

Em última análise, abraçar os conflitos aprofunda relacionamentos e abre portas para o crescimento pessoal e para novas possibilidades.

Texto: Stephanie Vozza