Se isso acontecer, poderá alterar permanentemente a forma como o planeta funciona
O planeta Terra está perto de ultrapassar cinco limiares naturais importantes à medida que a temperatura aumenta, alerta o relatório Global Tipping Poins, produzido por uma equipe internacional composta por 200 cientistas e financiado pelo Bezos Earth Fund.
São eles: o colapso de grandes mantos de gelo na Groenlândia e na Antártida Ocidental, o degelo generalizado do permafrost (camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada), a morte de recifes de coral em águas quentes e o colapso de uma corrente oceânica no Atlântico Norte.
Reportagem do The Guardian explica que, ao contrário de outras alterações climáticas, como ondas de calor mais quentes e chuvas mais intensas, estes sistemas não mudam lentamente de acordo com as emissões de gases do efeito estufa. Em vez disso, podem passar de um estado para outro totalmente diferente rapidamente. E, quando isso acontece, alteram permanentemente a forma como o planeta funciona.
Os cientistas não sabem precisar exatamente quando tais sistemas irão mudar, mas evidenciaram que algumas das alterações podem criar ciclos de feedback que aquecem ainda mais o planeta ou alteram os padrões climáticos de uma forma que desencadeia outros pontos de inflexão.
Segundo eles, se a camada de gelo da Groenlândia se desintegrar, por exemplo, poderá levar a uma mudança abrupta na Circulação Meridional do Atlântico, uma corrente importante que fornece a maior parte do calor à corrente do Golfo. Isso, por sua vez, pode intensificar a oscilação sul do El Niño, fenômeno climático natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico.
A coautor do relatório Sina Loriani, do Instituto Potsdam para a Investigação do Impacto Climático, disse ao Guardian que os riscos do ponto de inflexão podem ser desastrosos e devem ser levados muito a sério, apesar das incertezas remanescentes. “Atravessar estes limites pode desencadear mudanças fundamentais e por vezes abruptas que podem determinar irreversivelmente o destino de partes essenciais do nosso sistema terrestre nas próximas centenas ou milhares de anos.”
Tim Lenton, do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter, acrescentou que os pontos de ruptura no sistema terrestre representam ameaças de uma magnitude nunca enfrentada pela humanidade. “Podem desencadear efeitos dominó devastadores, incluindo a perda de ecossistemas inteiros e da capacidade de cultivo de culturas básicas, com impactos sociais que incluem deslocações em massa, instabilidade política e colapso financeiro.”
O relatório Global Tipping Poins também alerta que outros três pontos críticos, incluindo a morte de mangais e pradarias de ervas marinhas em algumas regiões, deverão ser alcançados na década de 2030 se o mundo aquecer 1,5°C (2,7°F) acima das temperaturas pré-industriais.
Texto: Redação, do Um Só Planeta