Em entrevista exclusiva para a EXAME, o diretor global de sustentabilidade fala sobre as ações de educação, o papel da plataforma nas discussões sobre o clima e suas ambições
Foi o documentário A Verdade Inconveniente, com roteiro assinado por Al Gore, que inspirou Ian Gill no envolvimento com questões climáticas. Hoje, o londrino, que conta com uma formação em ciências ambientais, responde como diretor global de sustentabilidade de uma das maiores redes sociais do mundo, o TikTok – cargo que assumiu há 18 meses.
“O maior impacto, para mim, foi entender a intersecção entre negócios e sustentabilidade ambiental”, conta Gill. Na semana que inicia a COP28, em Dubai, a plataforma lança campanhas educativas sobre o clima e leva seis criadores de conteúdo à conferência.
“Nós convidamos criadores de conteúdo de moda, de viagens e outras áreas para realmente desmistificar e democratizar a COP28. O evento não precisa ser complicado ou algo a portas fechadas. É muito difícil ter novas vozes envolvidas nessas conversas, mas a ideia é que os criadores absorvam o máximo de informações possíveis e compartilhem suas histórias com os seguidores”, relata Gill em entrevista exclusiva à EXAME.
Agenda climática
A #ClimateAction – uma das ações da companhia – começou na COP26, em Glasgow, e reforça o interesse e atenção na agenda climática. Além disso, o TikTok investirá US$ 1 milhão em uma parceria das Nações Unidas e da Purpose para formação de “campeões verificados”, explica Gill. A equipe será composta por cientistas e especialistas dos Emirados Árabes, Espanha e Brasil para que, junto com criadores de conteúdo, possam publicar conteúdos educativos sobre o clima. O investimento será utilizado para identificar os “campeões” e desenvolver os conteúdos ao longo de um ano.
Então, ao contrário do que se pensa, o TikTok não é apenas a plataforma das coreografias virais, ou seja, extremamente populares em poucos segundos de vídeo. O diretor comenta que vídeos com a tag #climatechange (mudanças climáticas, no inglês) receberam quase sete bilhões de visualizações nos últimos cinco anos – quase um vídeo por pessoa. “Para mim, essa é uma estatística incrível e uma conquista de quão longe as conversas sobre clima chegaram. Meu objetivo pessoal é fazer ainda mais”, avalia.
Responsabilidade social e sustentabilidade na era digital
Para o TikTok, a sustentabilidade se estrutura dentro de duas questões principais: como reduzir os impactos ambientais do negócio, tornando-o sustentável, e como alavancar e potencializar o um bilhão de usuários dentro da plataforma. “Nós realmente tentamos olhar para a responsabilidade social corporativa (do inglês, Corporate Social Responsibility) de uma maneira holística e, dentro disso, dividimos isso em sustentabilidade e impactos sociais”, diz.
“Como podemos impulsionar uma quantidade crescente de comunicações sobre o clima, mas também de conversas sobre o clima no aplicativo? Como podemos continuar a melhorar a qualidade dessas conversas? Para isso, trabalhamos com algumas ONGs parceiras e com alguns de nossos usuários, para garantir que as conversas continuem sobre os tópicos certos”, detalha.
Há a preocupação de manter as conversas seguras e precisas. “Para nós, trata-se de garantir que estamos limitando a disseminação prejudicial de qualquer desinformação quando se trata desses tópicos”.
Durante a entrevista, o diretor ressalta que tem observado as tendências de consumo na base de usuários do TikTok e que a preocupação com ações de sustentabilidade aumentou. Para se adequar ao contexto da COP28, o TikTok conta com uma parceria com a Emirates Nature-WWF para desenvolver os Nature Diaries (do inglês, diários naturais) – uma série de oito episódios para promover literaturas climáticas e práticas sustentáveis.
“Estamos incentivando os usuários a se envolverem na conversa, mas também a realizarem pequenas ações cotidianas para impulsionar e adotar um clima positivo sobre o tema por meio de uma ação climática positiva”, disse Gill.
Texto: Fernanda Bastos