A transição energética é necessária para atingirmos o net-zero e será foco das negociações da Conferência do Clima da ONU (COP28) que começa nesta quinta-feira (31) em Dubai
“Difícil, realizável e necessário”: é assim que um novo relatório da BloombergNEF (BNEF) caracteriza o atual cenário do mundo rumo à necessidade de triplicar as energias renováveis até 2030 para alcançar um caminho de zero emissões líquidas de carbono (“net-zero”) até 2050. A meta representa 11 terawatts de capacidade de geração proveniente de fontes limpas e será o foco das negociações da Conferência do Clima da ONU deste ano, a COP28, que começa nesta quinta-feira (31) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Durante o grande encontro do clima, há uma expetativa de um acordo internacional de transição energética.
O cenário “net-zero” proposto pela BloombergNEF até 2050 considera o aquecimento global abaixo dos 2°C, com a energia limpa contribuindo com 62% para a redução total das emissões até 2030 e a eletrificação de setores como a indústria e transporte alavancando uma queda de 15% no total de carbono.
Para chegarmos no aumento de 3 vezes da meta mundial, a contribuição de cada país é diferente: aqueles que já adotaram anteriormente fontes limpas, incluindo a China, os EUA e a Europa, basta triplicar. Já nações como o Sudeste da Ásia, Oriente Médio e África, que tem altos níveis de crescimento de demanda, precisarão subir ainda mais. No caso do Brasil, que já têm a maior parte de sua energia elétrica proveniente de fontes renováveis e não poluentes, é preciso contribuir menos.
No entanto, a BNEF destaca que apesar dos líderes estarem intensificando suas metas, o mundo ainda está aquém das expectativas e a mudança terá que ser bastante rápida. Na última vez que a capacidade de produção de energia solar e eólica foi triplicada, levou oito anos (de 2010 a 2022) e agora os países precisam de uma ação conjunta para diminuir barreiras e fazer acontecer em apenas 7 anos — até 2030.
Ainda segundo as previsões, parte da meta em relação à energia solar deve ser alcançada, enquanto a energia eólica exige uma ação mais estruturada de líderes do setor público e privado.
“A solar é barata e fácil, e o mundo poderia triplicar a capacidade energética utilizando apenas a solar. Mas deixar outras para trás não seria bom para as mudanças climáticas”, destacou Jenny Chase, especialista em energia solar da BNEF e co-autora do relatório.
O relatório ainda aponta que o compromisso firmado a partir da COP28 deve remover barreiras para o acesso aos desenvolvedores de energia renovável, possibilitar leilões competitivos e incentivar contratos corporativos de compra de energia elétrica. Os governos também precisam investir em redes, simplificar a autorização de procedimentos para projetos e garantir que os mercados de energia e serviços auxiliares funcionem para incentivar um sistema flexível e que possa utilizar a nova geração. Além disso, há um papel fundamental da tecnologia como aliada da descarbonização.
Texto: Sofia Schuck, Redação Um Só Planeta