Projeção do Imazon, que calculou pela primeira vez a ameaça de destruição da floresta dentro das zonas potenciais de compra dos frigoríficos ativos
Mais de 80% das áreas desmatadas na Amazônia são ocupadas pela pecuária, e isso deve aumentar. Pesquisa do Imazon projetou que, sem medidas mais efetivas de fiscalização, como a rastreabilidade de todos os animais desde o nascimento, mais 3 milhões de hectares de vegetação nativa poderão ser devastados até 2025 para dar lugar a pastagens, isso equivale a 20 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
O levantamento calculou pela primeira vez a ameaça de destruição da floresta amazônica dentro das zonas potenciais de compra dos frigoríficos ativos na região, e essa provisão é um dos três indicadores usados – os outros são a derrubada ocorrida e o quanto foi embargado pela devastação ilegal –, informa o ClimaInfo.
A companhia em situação mais crítica é a JBS, com quase 10 milhões de hectares desmatados, embargados ou sob risco de derrubada em suas zonas de compra de animais. Em segundo lugar ficou a Vale Grande, com pouco mais de 4 milhões de hectares, e, na sequência, apareceram Masterboi, Minerva e Mercúrio Alimentos, com mais de 2 milhões de hectares cada.
Ainda segundo a pesquisa, em 2016, apenas 35 empresas haviam assinado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne – acordo entre os setores produtivos e órgãos de fiscalização firmado em 2009 para barrar a produção de gado em áreas recém-desmatadas na Amazônia – e 63 o ignoraram.
No ano passado, o número de signatárias passou para 47. Apesar do aumento, o Imazon observa que os negócios seguiram ineficientes para barrar a carne ilegal no mercado, mesmo diante da crescente cobrança sobre o setor – incluindo legislações internacionais severas contra produtos oriundos da devastação, como da União Europeia.
Em relação ao número de plantas frigoríficas ativas, subiram de 127 em 2016 para 145 em 2022, alta de 14%. São pertencentes a 108 empresas diferentes, 10% a mais do que no estudo anterior. Já a capacidade de abate ativa cresceu de 62 mil para 65 mil animais por dia no período, incremento de 5%.
Texto: Redação, do Um Só Planeta