O estudo da Universidade do Estado de Michigan, nos EUA, explica como as plantas otimizam o processo da fotossíntese em dias de inverno com menos luz
Enquanto os Estados Unidos e a União Europeia precisam voltar ao horário “normal” depois do verão, cientistas da Universidade Estadual do Michigan (MSU), revelam que as plantas encontram formas cíclicas de “contornar” a situação.
Com o final do horário de verão em países do hemisfério norte, os dias mais longos teriam começado em 6 de novembro no Brasil — que aboliu o adiantamento do relógio em 2019.
“A fotossíntese limita o crescimento das plantas ou o crescimento das plantas limita a fotossíntese?”, questiona o professor Tom Sharkey para introduzir essa discussão.
No artigo publicado na revista Plant Physiology, os professores Sharkey, do departamento de bioquímica e biologia molecular (BMB), e Yair Shachar-Hill, de biologia vegetal, do Centro de Ciências Naturais da MSU, estudam os vários sistemas complexos das plantas para se adaptar a variação luminosa do dia.
A universidade vem buscado soluções para enfrentar a crise alimentar global de forma sustentável. As descobertas deste estudo podem ajudar a desenvolver mais variedades de culturas, a crescerem em uma gama ampla de climas e à mudança de zonas de cultivo.
Para compreender como as plantas se adaptam a diferentes comprimentos de dia, uma equipe de pesquisadores da Universidade estudou uma planta chamada Camelina sativa, um modelo de cultura de sementes oleaginosas.
A conclusão que chegaram foi: as plantas se adaptaram para alterar a forma como usam a sua energia, conforme a quantidade de luz do dia que recebem.
Eles descobriram que, quando os dias são mais curtos, as plantas têm menos tempo para fazer fotossíntese, tendo que ser mais eficientes com a luz solar que recebem. As espécies fazem isso aumentando a sua taxa fotossintética e reduzindo a de respiração. Também investem mais energia nos seus brotos, onde a fotossíntese é realizada.
Além disso, os vegetais armazenam uma quantidade maior de açúcar em forma de amido para usar em noites longas. Para balancear o carbono, enfraquecem a troca de metabolitos entre os seus vacúolos e outros compartimentos celulares.
“As nossas descobertas podem apontar o caminho para um melhor crescimento das plantas”, afirmou Sharkey. “Se conseguirmos identificar os truques que as plantas de dias curtos utilizam para quase acompanhar as espécies de dias longos, talvez possamos tornar as de dias longos ainda melhores”, complementa o professor.
A pesquisa também teve a colaboração de Yuan Xu e Xinyu Fu, pesquisadores associados no MSU-DOE PRL; Sean Weise, um instrutor no BMB; e Abubakarr Koroma, um pesquisador no departamento de biologia vegetal.