Produção, que registra forte crescimento com apoio nas exportações, tem com base sistemas agroextrativistas, mas prática da monocultura ganha espaço
Produto de destaque entre as riquezas amazônicas exportadas pelo Brasil, o açaí vem mantendo uma demanda constante tanto no mercado interno quanto no internacional, o que vem sendo acompanhado com atenção para a manutenção de uma cadeia de produção sustentável.
A radiografia do setor hoje tem como centro o estado do Pará, que representa mais de 94% das exportações brasileiras da fruta. Entre 2011 e 2020, esse comércio se multiplicou por mais de 140, segundo dados da Abafrutas, saltando de 41 toneladas exportadas em 2011 para o recorde de 5.937 toneladas em 2020, chegando a 40 países. Em outras regiões, o fruto vem sendo cultivado muitas vezes em monoculturas.
Para estimular uma produção que mantenha florestas de pé e promova o bem-estar social dos atores envolvidos, a rede Diálogos Pró-Açaí, iniciativa que reúne cooperativas, fabricantes e entidades como a Embrapa, entre outras, lança na próxima semana o Caderno de Recomendações para a Cadeia de Valor do Açaí, com foco na sustentabilidade ambiental, social e econômica do setor.
O lançamento da publicação ocorre durante webinar promovido na terça-feira (30) pelo Instituto Terroá, realizador do caderno e entidade integrante da rede Diálogos Pró-Açaí. Para acompanhar o evento online, é possível inscrever-se gratuitamente na página do evento.
“A produção do açaí, na contramão do monocultivo, é em sua grande parte agroextrativista. Esse caderno traz recomendações para mantermos a produção do açaí na floresta, com sustentabilidade, agregando valor no mercado nacional e internacional, gerando emprego e renda a partir da conservação”, explica Renata Guerreiro, coordenadora de projetos do Instituto Terroá.
O Caderno de Recomendações para a Cadeia de Valor do Açaí é dirigido principalmente a empreendimentos comunitários tradicionais, agroextrativistas e artesanais, setor privado, governo, universidades e centros de pesquisa e organizações da sociedade civil.
Para elaborar a publicação, foram consultados estudos e documentos científicos sobre a produção do açaí. O caderno reúne 436 recomendações com foco na sustentabilidade da cadeia de valor do fruto.
Entre os temas analisados e comentados, estão a regularização tributária, coma sugestão de uma política federal de isenção fiscal para produtos agroextrativistas de povos e comunidades tradicionais; no tema dos direitos humanos, o material aborda ações de combate ao racismo ambiental e ao trabalho infantil; na temática da comercialização, o caderno analisa desde as etapas iniciais da produção até questões como o acesso a crédito rural e políticas públicas.
Ao todo são nove temas fundamentais abordados pelo caderno: normas regulatórias, direitos humanos, assistência técnica e extensão rural, manejo florestal sustentável, beneficiamento, comercialização, organização social, pesquisa e inovação, e articulação intersetorial.
Texto: Redação Um Só Planeta