Acessório é feito sob demanda e cliente pode escolher a cor e uma palavra personalizada
Engenharia mecânica e moda podem parecer áreas muito distantes, mas um casal apostou nessa combinação. As inspirações artísticas da advogada Luiza Barg, 31, e o conhecimento técnico do engenheiro Rodrigo de Nadai, 32, deram origem à Aviv, marca de bolsas feitas à base de bioplástico impressas em 3D. A empresa faturou R$ 35 mil nos últimos nove meses.
A vontade de empreender com impressoras 3D é anterior à criação da Aviv. Em 2017, inspirado em uma viagem para o exterior para trabalhar com a tecnologia, Nadai decidiu desenvolver a própria máquina para imprimir peças. Porém, teve alguns empecilhos. “A impressão 3D ainda não estava difundida no Brasil. Não tinha muito fornecedor de matéria-prima no país e ficávamos suscetíveis à cotação do dólar”, explica.
A ideia foi deixada de lado, mas, com o tempo, o interesse artístico da professora de direito começou a pulsar. “Comecei a brincar, fazer desenhos à mão e aproveitar a habilidade dele para criar peças”, lembra Barg. A Aviv começou a tomar forma quando, ao se arrumar para um casamento, ela não encontrou uma bolsa para combinar com o look e se perguntou como seria um modelo impresso.
“Comecei a procurar inspiração no Google e no Pinterest e encontrei apenas um acessório italiano. Fiz um esboço, passei para ele e surgiu um produto muito legal”, conta a empreendedora. O item fez sucesso entre os amigos do casal, e eles decidiram vender a bolsa. A empreendedora abriu um MEI e oficializou a empresa em janeiro de 2023. Para começar a vender o acessório, eles criaram um perfil no Instagram para divulgação e um site para vendas.
O modelo passou por alguns ajustes e ganhou o nome de Ahava. Quadrada, ondulada e feita à base de bioplástico, a bolsa tem dimensões de 20cm x 7cm x 13 cm e é vendida por R$ 979,00.
Desde o lançamento da marca, os empreendedores criaram mais um tipo de design — a Liya, inspirada em um leque de papel. Assim como o produto piloto, o material utilizado na produção é o bioplástico, proveniente da cana-de-açúcar. Ambas possuem um espelho no interior e podem ser usadas como uma mini penteadeira.
Os empreendedores acreditam que o processo para transformar esses materiais em um item de moda é simples, rápido e escalável. Após a etapa do desenho, eles analisam características como o espaço interno necessário e o peso que a bolsa precisa suportar. “Fazemos tudo com o mínimo de montagem possível. Por exemplo, ela já é feita com dobradiças e imprimimos o gancho para colocar a alça de corda”, conta ela.
A produção é feita sob demanda, com um prazo de 15 dias para a entrega. São cerca de 24 horas para a bolsa ficar pronta a partir do momento em que o modelo já está programado na impressora. O acessório é finalizado com alça e espelho e sai para a entrega. Hoje, o casal conta com duas máquinas para a produção.
“O tempo para fabricar é bem menor do que a galera da moda, pois eles precisam desenvolver a linha, fazer teste com fornecedores”, comenta Nadai. “Com a impressão 3D, nós dominamos todo o ciclo: idealizar, projetar, testar e produzir. Não precisamos terceirizar nada”, complementa.
Ainda é possível personalizar a peça com uma palavra de até cinco letras na lateral. Caso haja demanda de clientes, a Aviv também imprime outras peças, como vasos para decoração. Apesar disso, o foco do casal é moda: “Queremos focar mais nesse mercado. Observamos que as pessoas usam pouco a impressão 3D para coisas verdadeiramente funcionais”, diz Barg. “Acredito que temos potencial para crescer, pois estamos falando de personalização em massa e a possibilidade de resposta rápida às tendências”, complementa.
Os próximos passos dos empreendedores, que faturaram R$ 35 mil em nove meses, é focar no marketing e conversão de vendas. Em 2024, o objetivo é fazer a transição de MEI para ME. “Já estamos com tudo pronto para quando chegar o momento de mudança de categoria”, conta o empreendedor.
Com o crescimento, eles também pretendem focar totalmente no negócio. Atualmente, Nadai ainda trabalha em uma empresa e Barg está diminuindo a sua carga horária como professora desde a fundação da Aviv.
A dupla também já pensa em como garantir a sustentabilidade da marca. “Queremos fazer a logística reversa, coletando as peças que não vão mais ser usadas para que possamos triturar e transformar em matéria-prima novamente. Ainda estamos pensando em como reduzir o custo de energia”, diz Nadai.
Texto: Bianca Camatta