sexta-feira,22 novembro, 2024

Cientistas descobrem paisagem “congelada no tempo” escondida sob o gelo da Antártida

Acredita-se que a área, que se estende por 32 mil quilômetros quadrados, está intocada há mais de 34 milhões de ano e seja menos conhecido pela Ciência do que a superfície de Marte.

Cientistas da Universidade de Durham, da Inglaterra, descobriram uma vasta paisagem de colinas e vales esculpidos por rios antigos que foi “congelada no tempo” e está escondida sob o gelo da Antártica.

Esta área, que se estende por 32 mil quilômetros quadrados – maior, por exemplo, que a Bélgica –, já foi o lar de árvores, florestas e provavelmente animais e permaneceu intocada durante milhões de anos.

“É uma paisagem desconhecida – ninguém a viu. O que é emocionante é que está escondida à vista de todos”, disse o professor Stewart Jamieson, glaciologista da Universidade de Durham e principal autor do trabalho, acrescentando que o local é menos conhecido do que a superfície de Marte.

Segundo o jornal The Guardian, a principal maneira de “vê-la” é por meio de uma técnica chamada eco-sondagem de rádio, quando um avião sobrevoa um local e envia ondas de rádio para o gelo e analisa os seus ecos.

O problema é que fazer isso em toda a Antártica, que é maior do que a Europa, representa um enorme desafio. Sendo assim, como explicou Jamieson, foram usadas imagens de satélite existentes da superfície para “traçar os vales e cristas”.

A partir daí, os cientistas obtiveram uma paisagem esculpida por um rio, com vales profundos e colinas com picos acentuados, semelhantes a alguns outros lugares que já conhecemos da Terra.

“Foi como olhar pela janela de um voo de longa distância e ver uma região montanhosa abaixo”, comentou o glaciologista. Ele acredita que a última vez que este mundo oculto recebeu luz solar foi há mais de 34 milhões de anos, quando o continente congelou pela primeira vez.

Em relação ao aquecimento global, que poderia ameaçar o local, Jamieson enfatizou que ele fica a centenas de quilômetros da borda do gelo para o interior, portanto, qualquer possível exposição provavelmente estaria “muito distante”.

De acordo com ele, o fato de o recuo do gelo durante eventos de aquecimento anteriores – como o período Pliocénico, há 3 a 4,5 milhões de anos – não ter exposto essa paisagem, é motivo de esperança. No entanto, não está claro qual seria o ponto crítico para uma “reação descontrolada” de derretimento, completou.

Texto: Redação, do Um Só Planeta

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