Empresa de construção de créditos de carbono investe em estrutura e tecnologia em viveiros parceiros, com o objetivo de expandir reflorestamento de áreas degradadas
Todos os anos, cerca de 10 milhões de hectares de terra – uma área aproximadamente do tamanho da Coreia do Sul – são desmatados, principalmente para limpar terras para agropecuária comercial ou de subsistência. A devastação das florestas afeta o mundo principalmente de quatro formas: aumentando as emissões de gases de efeito estufa, reduzindo a capacidade de captura de carbono pelas árvores, resultando no declínio acentuado da biodiversidade e prejudicando milhões de pessoas que vivem dentro e no entorno das florestas, conforme análise da consultoria McKinsey.
Embora evitar o desmatamento seja urgente, com potencial para diminuir danos ao meio ambiente imediatamente, os benefícios climáticos do reflorestamento – que são inevitavelmente mais lentos, podendo levar décadas – também precisam ser acelerados. E com a intenção de capitanear um movimento de reflorestamento em larga escala na Amazônia, com o objetivo de sequestrar carbono da atmosfera, uma startup está promovendo o plantio de milhões de árvores na região.
Para alcançar esse objetivo, a Mombak, empresa de construção de créditos de carbono via reflorestamento, acaba de anunciar, nesta quarta-feira (25), o investimento de R$ 4,5 milhões de reais em 10 viveiros, para serem aportados em estrutura e melhorias técnicas. Nas próximas semanas, conforme Mário Grassi, diretor de operações da Mombak, será firmado um acordo de R$ 1,8 milhão de aporte em viveiros do Pará, para o fornecimento de mais de 2 milhões de mudas ao ano.
“Captamos US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) para a fase 1 do nosso projeto na Amazônia. Nossa intenção é comprometer o investimento desse valor até o final de 2024. Isso vai dar algo em torno de 15 mil hectares de florestas, dependendo do método de reflorestamento que formos usar. Mas esse é apenas o fundo 1. Temos outras alternativas de projeto e a intenção de criar a fase 2 do fundo, a fase 3, enfim. Almejamos um crescimento exponencial. Coloco como um número até baixo, tímido, de produção de 1 milhão de toneladas de carbono por ano: esse é o tamanho que queremos nessa primeira etapa”, explica ele.
Conforme a Mombak, já são realizadas compras semanais de três fornecedores de sementes no Pará, que somam 1,4 toneladas adquiridas de 48 espécies, movimentando R$ 85 mil localmente no setor. O objetivo é fortalecer a bioeconomia na Amazônia e garantir a sustentabilidade dos negócios locais que apoiam iniciativas de reflorestamento, tanto no ramo de venda de mudas quanto de sementes, gerando emprego, renda e valorização da mão de obra local e das espécies nativas a longo prazo.
“Nossos projetos têm um horizonte de 50 anos. Então isso conversa com o critério de durabilidade dos projetos de carbono, e a gente tem que proteger essa floresta por 50 anos após esse período inicial de plantação. A gente intervém nas florestas durante os cinco primeiros anos para ajudar o mais rapidamente possível ela a se estabelecer, mas a partir de um determinado tempo é a floresta que cuida de si. Ela se cuida sozinha. O que a gente tem que fazer? Protegê-la: não deixar ter desmatamento, extração ilegal de madeira, nem incêndios”, afirma Grassi.
Os créditos a serem gerados pela Mombak são de remoção de carbono e de alta integridade. Atualmente, a empresa opera no mercado voluntário internacional, mas enxerga uma oportunidade adicional e novas definições com a criação e regulação do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), com o objetivo de fomentar a redução de emissões de gases de efeito estufa por meio de um sistema de comércio que internalize nas empresas os custos da emissão de carbono.
“Um mercado sem regulação, como acontece hoje no Brasil, não é bom. Mas regulado, muito engessado, também não seria o ideal. Temos esperança de que haja um meio termo”, diz o diretor de operações da Mombak.
A startup, fundada por Peter Fernandez (ex-CEO do 99) e Gabriel Silva (ex-CFO do Nubank) promove um projeto de remoção de carbono por reflorestamento biodiverso na Amazônia, e quer torná-lo maior e mais escalável. Para isso, tem levantado fundos com investidores globais para financiar o reflorestamento da região, atividade remunerada pela venda de créditos de remoção de carbono.
Texto: Um so planeta