sexta-feira,22 novembro, 2024

Indústria 4.0: como a tecnologia e inovação marcam a Quarta Revolução

Saiba o cenário do Brasil e veja como empresas podem contar com crédito para ampliar mercados e portfólio.

Nos últimos três anos, o mundo viveu momentos conturbados: a pandemia de Covid-19, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, outras tensões geopolíticas, a falta de insumos e matérias-primas, e a inflação gerada a partir desse cenário. Toda a produção industrial global foi afetada e sente os efeitos desses acontecimentos, o que influencia a competitividade industrial. No caso do Brasil, essas questões se somam a dificuldades legislativas e tributárias e acabam prejudicando a corrida para vencer a concorrência internacional.

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o Brasil ainda ocupa uma posição baixa no ranking de competitividade mundial, mas o país tem mostrado evolução. Em 2022, avançou pela primeira vez no ranking geral, saindo da 17ª para a 16ª posição entre 18 economias. Os destaques são a melhora no ambiente de negócios e os ganhos em financiamento e tributação.

Segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2023, o Brasil fechará o ano na 7ª posição no ranking das economias mundiais que engloba 46 países. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o PIB avançou 0,9% no segundo trimestre de 2023 na comparação com o trimestre imediatamente anterior comparação interanual. O resultado também foi positivo, com alta de 3,4% sobre o segundo trimestre de 2022.

Indústria 4.0

Apesar da grande força das atividades agropecuária e extrativista, a indústria brasileira busca acompanhar os movimentos globais do setor e vive a chamada Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0, movimento que engloba um amplo sistema de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem e que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo.

Para Marcelo Alves, economista da Fiep, os conceitos da Indústria 4.0 se aplicam a todos os segmentos e se adaptam às necessidades de cada empreendimento. “Para que as empresas estejam preparadas para adotar essa quarta revolução, é necessário implementar tecnologias emergentes de TI, automação e padrões de segurança. Podemos dizer, então, que a indústria 4.0 é a realidade na qual a tecnologia industrial está cada vez mais eficiente: mais inteligente, mais rápida e mais precisa”, completa.

Em resumo: a indústria 4.0 é a continuação do aperfeiçoamento das máquinas, um processo que começou na primeira Revolução Industrial e nunca mais parou.

Para manter a competitividade, as empresas precisam se adequar a essas novas formas de produção. Para isso, é necessário investir em tecnologias, processos mais automatizados e mais eficiência energética. “Esses investimentos demandam valores significativos que dificilmente podem ser retirados do fluxo de caixa da empresa. É neste momento que se buscam as linhas de financiamento que podem oferecer recursos para projetos de longo prazo”, conta João Baptista de Lima Guimarães, gestor do Núcleo Acesso ao Crédito do Sistema FIEP (NAC).

Segundo ele, buscar financiamento para projetos traz vantagens concretas para as empresas, uma vez que o financiamento de médio e longo prazo ligados à inovação de produtos e serviços, automação e soluções de eficiência energética apresentam taxas reduzidas em bancos de investimento. “Sabemos que as taxas de crédito ainda são caras no Brasil – atualmente a taxa Selic está em torno de 12,75% ano – então o ideal é que o empresário que busca financiamento tenha um bom relacionamento com mais de uma instituição financeira na busca pelas melhores taxas”.

O financiamento pode ser obtido em bancos de varejo, bancos digitais, fintechs, cooperativas de crédito e com destaque os bancos de desenvolvimento e agências de fomento.

“Ao orientarmos os industriais paranaenses, salientamos que para obter o crédito junto à instituição financeira é necessário um projeto bem estruturado, em que seja demonstrado para quê, onde e como será usado o recurso solicitado. A orientação sobre esse processo e das condições das linhas de financiamento é um dos serviços que prestamos aqui no Núcleo, com todo o apoio às indústrias quando decidem buscar recursos para a expansão dos negócios”, comenta Guimarães.

Paraná: competitividade e investimento caminhando juntos

Um estado com vantagens naturais que se destacam e forte integração com o agronegócio, mas também capaz de desenvolver tecnologias, produtos e processos que são referência nacional. Essa é a avaliação Marcelo Alves a respeito do Paraná. Segundo ele, atualmente o estado tem o 4º maior PIB Industrial e o 3º maior VBP (valor bruto da produção) do país, o que demonstra a força da indústria local.

“O Paraná é o maior produtor de carne de frango, de tilápia e de madeira para papel e celulose do país. Está em segundo lugar na produção de suínos, na produção de leite e na produção florestal. É o terceiro colocado na produção de veículos”. O economista enfatiza o papel das exportações da indústria paranaense, sendo o estado o maior exportador de carnes e de madeira do país. É também o segundo maior exportador de produtos de preparação alimentícia, de papel e celulose e o e veículos e materiais de transporte.

Para Alves, esse cenário favorável se deve muito ao bom aproveitamento das linhas de investimento voltadas para a inovação e expansão das indústrias. De acordo com dados do governo do estado, no período de janeiro de 2019 a março de 2022, foram investidos na indústria paranaense R$ 120 bilhões em projetos de novas fábricas como uma grande maltaria em Ponta Grossa, a maior fábrica de queijos do país em São Jorge D’Oeste, o maior frigorífico de suínos da América Latina em Assis Chateaubriand e a maior fábrica de salsichas e empanados do mundo em Rolândia.

Além desses projetos novos, também ocorreram investimentos em projetos de instalação e expansão envolvendo empresas nacionais e multinacionais, como Klabin, Volkswagen, Renault, TatraBras, Dunlop/Sumitomo, Gazin, Boticário, Ambev, Tirol, e a expansão de empresas cooperativas agrícolas como BRF, Agrária, Piracanjuba, Frimesa, JBS, entre outras.

Na opinião de Alves, o investimento é fundamental para a sobrevivência do negócio, para a competitividade e para a busca de novos mercados. Como exemplos de sucesso, ele cita as empresas do ramo alimentício e as do setor automotivo do estado, como Renault, Volkswagem e Volvo. “Há um exemplo interessante que vale citar, que é o caso da Klabin, que vem realizando nos últimos anos os maiores investimentos da sua história com projetos que levam investimentos significativos que, além de reposicionar a empresa no mercado mundial, geram milhares de empregos e injetam milhões de reais na economia local”, comenta.

Apesar de o momento do país ainda gerar certa incerteza para o investimento, Marcelo Alves avalia ser fundamental que o empresário esteja preparado para momentos difíceis e atento para aproveitar oportunidades. “É preciso manter a empresa sempre competitiva, investindo em inovação e atualização, seja de produto, seja de processo. Além disso, prospectar novos mercados é estratégico e importante e, para isso o planejamento é fundamental. Investir e incentivar a capacitação profissional tanto de gestão quanto técnica é outro fator estratégico, além de buscar apoio e orientação em instituições especializadas”, finaliza.

Investimentos garantem inovação e sustentabilidade

Com quase 100 anos de história no mundo e 46 no Brasil, a Volvo é um exemplo de companhia que soube cultivar a inovação na sua essência, não apenas para a entrega ao mercado de produtos cada vez mais adequados às necessidades e exigências de cada época, mas também em termos de serviços e processos de gestão e de manufatura.

Nas palavras de Alexandre Parker, diretor de Assuntos Corporativos da empresa, “assim como a qualidade, a inovação está disseminada na cultura, no mindset de cada funcionário, e presente em todos os departamentos da empresa. Toda essa herança que veio da Suécia se adaptou de uma forma muito particular na América Latina. Um exemplo brasileiro é o Programa de Melhorias da Volvo no Brasil, conhecido como Programa i9 – que é dirigido aos empregados – e que ostenta a marca histórica de mais de meio milhão de ideias sugeridas, desde sua criação”, comenta.

A empresa se destaca pelos constantes investimentos que seguem um direcionamento estratégico global. Segundo o executivo, de modo geral, os investimentos realizados pela companhia são financiados pelo próprio Grupo. Mas também são realizados alguns investimentos em projetos de inovação em parceria com institutos de tecnologia locais por meio de linhas de fomento.

“Seguimos a estratégia da companhia com foco em produtos e serviços cada vez mais sustentáveis, digitais, eficientes, com alto grau de conectividades e novos patamares de automação. Atualmente o Grupo Volvo América Latina está em meio a um ciclo de investimentos de R$ 1,5 bilhão em suas operações no país, no período de 2022/2025. Os recursos são voltados principalmente para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços, que contribuam com a descarbonização do transporte comercial no continente”, completa. Como exemplo, a empresa tem como meta reduzir em 50% as emissões de CO2 de seus veículos até 2030 e em 100% até 2040.

Alexandre conta que a digitalização é contínua e traz inovações e melhorias também em processos administrativos e na fábrica. “Desde que os primeiros robôs começaram a fazer parte do dia a dia fabril até hoje a evolução é constante. Os progressos da chamada Indústria 4.0 intensificam a presença da inteligência artificial no chão de fábrica. Veículos autônomos utilizados no transporte interno de peças e o uso de drones para agilizar o reconhecimento e o inventário de peças são parte da rotina na Volvo”.

Para o executivo, a indústria do Paraná vem evoluindo muito em termos de competitividade e tem enormes oportunidades de desenvolvimento. “Na busca global pela descarbonização, acredito que o Paraná, conhecido por sua rica diversidade e recursos naturais, está posicionado de maneira excepcional para liderar uma transformação fundamental no cenário industrial: a transição para produtos e serviços neutros em carbono”.

Para ele, a expansão da indústria paranaense para abraçar a produção de biocombustíveis e energia limpa não apenas diversificará sua base econômica, mas também estabelecerá um modelo exemplar para outras regiões seguirem. “Mas para garantir o sucesso dessa transição, é imperativo que o governo paranaense e os principais atores do setor privado trabalhem em colaboração, regulamentando e implementando políticas e incentivos que promovam investimentos em tecnologias limpas e práticas industriais sustentáveis. Além disso, o desenvolvimento de uma força de trabalho qualificada e a promoção de pesquisa e desenvolvimento são essenciais para impulsionar a inovação e a competitividade a longo prazo”, finaliza.

Fonte: G1

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