Estudo indica que temperatura da água é ameaça para a manutenção do equilíbrio que mantém a forma de crescimento de alga encontrada em lagos frios
Devido ao aquecimento das águas, bolas de algas encontradas em lagos frios do Japão estão morrendo. Chamadas de marimo, as plantas são uma forma de crescimento da alga Aegagropila linnaei que ocorre enquanto houver um equilíbrio entre crescimento externo e decomposição interna, dado que seu interior é oco. No entanto, o aumento das temperaturas tem provocado desequilíbrio dessa forma de vida.
Publicado na revista Nature no último dia 6, um novo estudo da Universidade de Kobe, no Japão, analisou a espécie do Lago Akan, na ilha de Hokkaido – único local onde existem bolas de 20 centímetros ou mais. Natural de lagos do norte do país, a alga tem sofrido uma diminuição da sua população global, já pouco presente em lagos frios de países da Europa, como Áustria, Islândia e Suécia.
A causa desse declínio é desconhecida, mas os pesquisadores apontam para os efeitos do aquecimento global. O estudo mostrou que, em condições de laboratório, a taxa de crescimento atinge seu pico a uma temperatura da água de 22ºC, mas a taxa de decomposição segue aumentando com a temperatura, fazendo com que a decomposição supere o crescimento e aumente a fragilidade das algas.
“A espessura do marimo é uma característica importante para manter seu formato e, se a temperatura da água no Lago Akan aumentar ainda mais no futuro devido ao aquecimento global ou a outros fatores, o marimo gigante pode se tornar ainda mais fino e frágil”, diz em nota Keisuke Nakayama, engenheiro hidráulico e professor da universidade.
Para manter uma espessura de quatro centímetros, o marimo precisa de uma temperatura cumulativa da água de 1470°C por dia. No Lago Akan, a temperatura cumulativa era de 1250ºC por dia em 1988, mas na última década esse número aumentou para 1610ºC. Estima-se que a espessura das bolas tenha variado de 4,7 para cerca de 3,7 centímetros.
Acredita-se que os grandes marimos sejam encontrados exclusivamente nesse lago japonês, onde já se tornaram ameaçados. “É necessário propor medidas para proteger o marimo do aquecimento global, como utilizar a água fria do rio que flui para a colônia de marimos”, sugere o pesquisador.
Texto: Redação Galileu