TikTok, Twitter/ X e Instagram estão adotando diferentes estratégias para lidar com a enxurrada de desinformação em suas plataformas
Os ataques do Hamas e as contraofensivas de Israel resultaram em uma enxurrada de desinformação nas redes sociais, agravando uma situação já bastante tensa. Os usuários têm recorrido a plataformas como TikTok, Instagram e X/ Twitter em busca de informações, mas também têm encontrando muito discurso de ódio e informações falsas.
Escolas em Israel estão pedindo aos pais que excluam os aplicativos de mídia social dos aparelhos de seus filhos para evitar que sejam expostos a imagens perturbadoras. Isso está levando as redes sociais a implementar novas políticas e a reforçar a aplicação das já existentes.
X/ TWITTER
A plataforma enfrentou críticas logo após o início do conflito, devido à quantidade de postagens com conteúdo visual, discurso de ódio e desinformação.
Thierry Breton, chefe de direitos digitais da Comissão Europeia, enviou uma carta a Elon Musk expressando preocupação com algumas postagens que incluíam “imagens antigas de conflitos armados não relacionados ou filmagens que na verdade são de jogos de videogame. São publicações intencionalmente falsas e enganosas.”
Breton acrescentou que o site “precisa ser ágil, diligente e objetivo” na remoção de conteúdo potencialmente ilegal. A resposta inicial de Musk à carta, que envolveu uma recomendação (já excluída da rede) para que os usuários seguissem uma conta conhecida por espalhar desinformação, levantou preocupações adicionais.
Joe Benarroch, chefe de operações de negócios da plataforma, afirmou que o X/ Twitter está atendendo ao pedido da União Europeia de “implementar medidas proporcionais e eficazes para enfrentar os riscos à segurança pública e ao discurso cívico decorrentes da desinformação.”
ESCOLAS EM ISRAEL ESTÃO PEDINDO AOS PAIS QUE EXCLUAM OS APLICATIVOS DE MÍDIA SOCIAL DOS APARELHOS DE SEUS FILHOS.
“A segurança de nossa plataforma é a nossa principal prioridade. Para enfrentar esta situação específica, Linda Yaccarino, CEO do X, mobilizou toda a empresa, redistribuiu recursos, reorientou equipes internas e envolveu mais parceiros externos para lidar com essa situação em rápida evolução. Nossas equipes estão trabalhando incansavelmente para garantir que todos tenham acesso a informações em tempo real e proteger a plataforma para todos os nossos usuários”, disse o porta-voz da plataforma.
A empresa está confiando em grande parte no Community Notes, ferramenta que permite que as pessoas adicionem contexto a postagens potencialmente enganosas. “Fizemos várias melhorias que ajudam a exibir notas em imagens e vídeos em mais postagens com mídia correspondente. Algumas notas individuais aparecem em centenas de publicações e algumas notas únicas são vistas mais de um milhão de vezes”, disse Benarroch
Apesar disso, as preocupações persistem. Há relatos de que a empresa desativou uma ferramenta projetada para identificar desinformação organizada nos meses que antecederam o conflito em Gaza.
TIKTOK
A rede social de vídeos curtos foi inundada por cenas perturbadoras de violência real e notícias falsas. A Byte Dance, que controla o aplicativo, informou ter criado um centro de comando para a equipe de segurança e diz estar aprimorando seus sistemas de detecção automática em tempo real à medida que identifica novas ameaças.
Além disso, contratou mais moderadores que falam árabe e hebraico para revisar postagens e alega estar removendo conteúdos que apoiam os ataques ou zombam das vítimas da violência.
“Temos uma política de tolerância zero para conteúdo que elogia organizações e indivíduos violentos e que dissemina o ódio. Essas organizações e indivíduos não são permitidos em nossa plataforma. Também bloqueamos hashtags que promovem violência ou violam nossas regras”, afirmou a companhia em um comunicado à imprensa.
A REDE SOCIAL DE VÍDEOS CURTOS FOI INUNDADA POR CENAS PERTURBADORAS DE VIOLÊNCIA REAL E NOTÍCIAS FALSAS.
O TikTok afirma que também está adicionando avisos sobre conteúdo visual, impondo restrições adicionais para transmissões ao vivo e trabalhando com a aplicação da lei global e com grupos como o Tech Against Terrorism para proteger a plataforma. Em breve, avisos aparecerão nas buscas por palavras-chave específicas para alertar a comunidade sobre desinformação potencial.
A rede aumentou seus esforços para combater a desinformação desde a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022. O TikTok informou que, entre meados de junho e dezembro do ano passado, removeu mais de 36,5 mil vídeos na Europa que violavam sua política de desinformação.
FACEBOOK E INSTAGRAM
A Meta afirmou que também está intensificando seus esforços para combater a desinformação, abrindo um centro de operações com especialistas que falam árabe e hebraico. Além disso, reduziu o limite de ativação dos dispositivos internos que evitam que conteúdos que possam violar suas regras sejam amplificados.
“Nos três dias seguintes a 7 de outubro, removemos ou marcamos como perturbadoras mais de 795 mil postagens em hebraico e árabe por violação dessas políticas”, publicou a empresa em seu blog.
Também restringiu várias hashtags após descobrir que o conteúdo associado a elas violava suas diretrizes e afirma que está monitorando de perto as transmissões ao vivo no Facebook e no Instagram, em resposta às ameaças do Hamas de transmitir imagens dos reféns.
A META INAUGUROU UM CENTRO DE OPERAÇÕES COM ESPECIALISTAS QUE FALAM ÁRABE E HEBRAICO.
A empresa afirma estar colaborando com agências de checagem para desmentir alegações falsas. Mas, quando esses grupos classificam uma postagem como falsa, ela não é removida, apenas vai para baixo no feed “para que menos gente possa vê-la.”
Embora as redes sociais possam parecer a maneira mais eficaz de se manter atualizado sobre o que está acontecendo em tempo real, especialistas alertam que pessoas e grupos mal intencionados estão buscando tirar proveito disso e que, portanto, é preciso cuidado extra.
“Usuários, vocês se tornaram um alvo. Fiquem atentos e verifiquem tudo. Com todas as tensões no mundo, a desinformação online pode ter consequências muito reais”, alerta Chris Olson, cofundador e CEO da Media Trust., organização não-governamental que defende mais espaço na mídia para minorias e grupos marginalizados.
Texto: Chris Morris